A Biotecnologia tem sido destaque no desenvolvimento de soluções inovadoras e o Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Biossintéticos e Fibras está a frente nesse movimento, desvendando novas metodologias para a biossíntese de Canabidiol (CBD), um derivado da planta Cannabis Sativa. Reconhecido por suas propriedades terapêuticas diversas, ele não apresenta os efeitos psicoativos, associado ao tetrahidrocanabinol (THC). A descoberta tem potencial de revolucionar não só o mercado nacional de canabinoides, mas também abrir novas oportunidades de investimento e inovação.

O Canabidiol oferece uma alternativa eficaz no tratamento de epilepsia, distúrbios do sono, dor crônica, entre outras condições de saúde. Além disso, a sua versatilidade o torna uma escolha estratégica para aplicações terapêuticas e investimentos inovadores, isso porque o mercado tem se expandido nos últimos anos, apresentando um cenário promissor.

Segundo dados da New Frontier Data, o mercado latino-americano de cannabis para fins comerciais atinge cerca de 9,8 bilhões de dólares, com o Brasil despontando como um dos principais consumidores, movimentando aproximadamente 2,4 bilhões de dólares. Estima-se que a receita proveniente do consumo de espécies de cannabis para fins medicinais, no Brasil, possa alcançar 4,7 bilhões de reais nos próximos três anos, com mais de 3,9 milhões de pacientes potenciais. No entanto, o principal obstáculo é a proibição do cultivo da planta para fins comerciais no país, com desafios como a sazonalidade de plantio, o uso de pesticidas, o tempo de maturação da planta e o alto gasto energético.

A comercialização, nas farmácias, do óleo canabidiol (CBD) medicinal, mais que dobrou no país, em 2023. De acordo com o BRCann (Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides), foram comercializadas 356,6 mil unidades de produtos entre janeiro e dezembro do ano passado, contra 157 mil em 2022. O faturamento do setor atingiu aproximadamente R$150 milhões. O produto é utilizado para dor crônica, ansiedade, depressão, entre outras doenças.

É diante desse cenário que o ISI está liderando pesquisas de rotas biossintéticas para a produção de CBD. As rotas utilizam microrganismos geneticamente modificados, capazes de utilizar a sua maquinaria energética e enzimática, convertendo precursores biológicos até chegar no produto desejado, com vantagens como otimização do processo, escalabilidade, menor impacto ambiental e controle de qualidade da produção, o que representa um enorme desafio para as empresas internacionais de canabinoides.

Amanda Valle, pesquisadora do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, destaca que o maior desafio enfrentado pelas grandes empresas internacionais produtoras de canabinoides é o controle de qualidade de seus produtos, que tem origem vegetal.

Através da biotecnologia, além de tornar possível um processo de produção contínuo de canabinoides, teremos total controle de cada etapa do processo, podendo obter um produto de maior pureza, ou uma combinação de canabinoides, garantindo seu efeito terapêutico sinérgico similar ao derivado vegetal. Desta forma, queremos fomentar o mercado tecnológico com inovação através desta rota alternativa e torná-lo mais competitivo a fim de tornar mais acessível a obtenção destes ativos pela população.

Para as empresas que desejam investir no setor, o ISI oferece, além de profissionais altamente qualificados, uma infraestrutura completa para o avanço dos processos de biotecnologia industrial, garantindo uma visão global do processo, abrangendo estudos mercadológicos, prospecção tecnológica, tecnologia industrial em escala piloto, previsão de investimento industrial, além de consultoria para estruturação inicial da planta industrial. Inclusive, o Instituto providencia um processo produtivo circular, menos suscetível a variações do ambiente e do mercado, possibilitando que essas empresas liderem o potencial do setor de canabinoides em âmbito nacional.

O Canabidiol

O Canabidiol, popularmente chamado de CBD, é um dos canabinoides produzidos pela planta do gênero Cannabis com ampla diversidade de aplicações. Dentre os canabinoides produzidos, o tetrahidrocanabinol (THC) e o CDB são os principais estudados pela comunidade científica e por grandes empresas. Apesar de serem moléculas parecidas, apresentam rotas de produção, propriedades e aplicações muito diferentes. O THC apresenta atividade psicoativa, enquanto a atividade do CBD é essencialmente terapêutica.

Em resposta à expressiva demanda de pacientes afetados por condições como epilepsia, distúrbios do sono, depressão e inflamações de pele, a ANVISA, em 2015, autorizou a importação de canabidiol para o Brasil, classificando-o como medicamento controlado.

Desde então, o investimento financeiro e científico no estudo deste composto tem apresentado um crescimento expressivo.

Fonte: https://medicinasa.com.br/biotecnologia-senai/

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