Os produtos à base de cannabis para pets têm potencial de movimentar R$ 1,45 bilhão no mercado brasileiro em um cenário de alta adesão do tratamento. Caso fosse regulamentado, após quatro anos, R$ 190,5 milhões desse valor seriam destinados a impostos.
Os dados fazem parte do estudo Cannabis no mercado Pet, realizado pela Kaya Mind, empresa especializada em dados e inteligência de mercado no segmento canábico.
Em um cenário de média adesão, a startup projeta que essa indústria movimentaria R$ 967,67 milhões no país, com R$ 126,9 milhões em arrecadação de impostos. Já num cenário de baixa aceitação, seriam R$ 483,83 milhões e R$ 63 milhões arrecadados para o governo. O uso regular de cannabis medicinal beneficiaria em torno de 555 mil pets.
“Além da previsão de movimentação em várias perspectivas, podemos entender os impostos arrecadados por meio desses valores e como estes poderiam ser revertidos. Por exemplo, no mercado pet, nada mais justo do que ajudar políticas relacionadas à causa animal”, comenta Maria Eugenia Riscala, cofundadora e CEO da Kaya Mind.
Retorno estimado da cannabis medicinal para pets
Segundo as projeções da Kaya Mind, com uma arrecadação de R$ 190,5 milhões em impostos, em quatro anos seria possível:
- Manter cerca de 39 mil animais distribuídos por 496 ONGs, gastando cerca de R$ 8 mil por mês com os cuidados de 80 bichinhos
- Arcar com custos mensais de aproximadamente seis hospitais veterinários públicos, sendo que cada um realizaria, em média, 4.500 atendimentos por mês
- Construir e comprar equipamentos para 34 unidades de clínicas veterinárias. O custo para cada uma seria de R$ 5,5 milhões.
Para Thiago Dessena Cardoso, cofundador e CIO da Kaya Mind, esses cenários de adesões representam uma média da frequência de consumo ininterrupto dos medicamentos à base da planta. Eles foram definidos por conta de inúmeras variáveis envolvidas, como a ausência de dados mais específicos sobre demografia e saúde animal, bem como de pesquisas científicas sobre usos e efeitos dos derivados de cannabis.
Indústria já tem 230 produtos de cannabis para pets
De acordo com a startup, pets podem consumir por volta de 230 produtos à base de cannabis já disponíveis no mercado. Ao todo, foram analisados 229 produtos de 36 fabricantes oriundos de quatro países diferentes. A partir disso, constatou-se que a maioria, que equivale a 58,9%, é à base de cânhamo e voltada para cachorros, espécie mais explorada pelos estudos científicos.
Além disso, das 36 marcas responsáveis pela produção, 16 trabalham exclusivamente com o mercado de cannabis para pets, ou seja, 44% do total. As outras 20 marcas vendem produtos para humanos e dispõem de uma linha pet ou de algum produto voltado para animais. Em números, representam 56% do universo estudado.
O investimento nesses tipos de tratamentos pode variar de acordo com o tamanho do animal e espécie. O preço médio de produtos para cães está na faixa de R$ 164,49 para porte pequeno, R$ 212,35 para médio e R$ 364,40 para raças grandes. Para os felinos, o valor está em cerca de R$ 187,21. Neste caso o preço não é calculado por porte, pois a variedade de tamanho entre os gatos é muito menos discrepante do que a dos cachorros.
O estudo também avaliou 123 marcas que têm relação ou poderiam ser influenciadas pela indústria da cannabis para animais de estimação, se regulamentadas. Hoje, as regulamentações em vigor no Brasil (RDC 327 e 660) são voltadas para o uso humano de medicamentos à base de cannabis e não englobam o uso veterinário.
Essas marcas são provenientes de 12 países diferentes, sendo que 51% vêm dos Estados Unidos, onde há maior quantidade de produtos disponíveis no mercado e a indústria pet é uma das mais importante do mundo. O Brasil também se destacou, com 34%, mesmo com poucas marcas exclusivas de cannabis no mercado por conta da regulamentação pouco abrangente.
Em relação à especificação das marcas analisadas, a maioria foi classificada como empresa, somando 79%, e associações, o total de 10%. Ainda foram definidos quatro graus de interação de cada marca com a cannabis: Específico (quando a empresa trabalha e lucra exclusivamente com o mercado da cannabis), Relacionado (parte dos lucros é proveniente da cannabis), Interessado (há interesse, mas não há lucro com derivados ou serviços da planta) e Nenhum (quando não há relação).
Mais da metade das marcas mapeadas são exclusivamente relacionadas à cannabis, mas, ao mesmo tempo, 23% delas não têm nenhuma relação, o que mostra que, mesmo que o movimento principal a favor da regulamentação seja por parte de empresas do segmento canábico, muitas outras serão afetadas de forma positiva ou negativa.
O número de 123 marcas divulgadas na pesquisa não representa o universo total do setor, mas, sim, aquelas que surgiram durante o período de pesquisa para a elaboração do relatório.
Falta regulamentação
Em 2021, o Conselho Federal de Medicina Veterinária contribuiu técnica e juridicamente para o Projeto de Lei (PL) nº 369/2021 da Câmara dos Deputados, apensado ao PL 399/2015, cujo objetivo é amparar legalmente o uso e a prescrição dessas substâncias aos animais. Na proposta, os produtos deverão ser previamente autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas, caso sejam importados, deverão ser permitidos pelas autoridades competentes no país de fabricação.
O PL 369 visa a regulamentar o uso veterinário de remédios derivados da Cannabis sativa, bem como incentivar pesquisas, estudos e a comercialização de medicamentos mais eficientes e seguros para o tratamento em animais.
Fonte: https://panoramapetvet.com.br/cannabis-para-pets-145-bilhao/
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