China – O faturamento do mercado farmacêutico da China irá alcançar US$ 220 bilhões em dois anos, segundo projeções da Deloitte. O valor ainda está distante dos Estados Unidos, com receita estimada em US$ 490 bilhões, mas o gigante asiático está trilhando um caminho para assumir a liderança global em uma década ao apostar em duas frentes – a produção de vacinas e a migração dos genéricos para medicamentos biológicos e de especialidades.
Números da Organização Mundial da Propriedade Intelectual ajudam a ilustrar o movimento. Os chineses já detêm o maior número de patentes de medicamentos inovadores registradas nos últimos três anos – 1,5 milhão contra 597 mil dos norte-americanos. Uma análise do Nikkei Asia indica que o país deve alçar a primeira colocação do setor no próximo decênio.
Tecnologia de mRNA
Em plena pandemia de Covid-19, a China forneceu até agora vacinas “convencionais”, nas quais o vírus inativado causa uma resposta imunológica. Por outro lado, os imunizantes produzidos pelas ocidentais Pfizer e Moderna representam um novo tipo de inoculação, chamado RNA mensageiro, que treina o sistema imunológico para combater o vírus.
Mas essa tendência está prestes a mudar. Hangwen Li, CEO da Stemirna Therapeutics previu, há dois anos, que até 2023 o mercado de tecnologia de mRNA “explodiria”. Essa declaração provou ser profética e o laboratório está desenvolvendo uma vacina com essa tecnologia. Já a Fosun Pharma, uma das três maiores farmacêuticas da China, firmou uma parceria com a alemã BioNTech para avançar nesse segmento.
A biofarmacêutica Everest Medicines também obteve, em setembro passado, os direitos para fornecer vacinas de mRNA desenvolvidas pela canadense Providence Therapeutics, com distribuição estendida a alguns países do sudeste asiático. Tanto a Everest quanto a Fosun anunciaram que também estão desenvolvendo novas vacinas para a variante ômicron. Já a Sinopharm e a CanSino, reconhecidas por comercializarem vacinas anti-Covid em todo o mundo, também miram essa tecnologia.
O mRNA desperta ainda a atenção de startups locais como a Abogen, que se associou à fabricante Walvax e ao Instituto de Medicina Militar da Academia de Ciências Militares para desenvolver a primeira vacina do gênero aprovada para testes clínicos na China, conhecida como ARCoV.
Foco em biotecnologia
Muitas empresas farmacêuticas emergentes já estão mostrando ambições globais baseadas na produção de medicamentos especiais. Em 2019, a BeiGene tornou-se a primeira representante do país a ter um medicamento aprovado pela FDA – o remédio oncológico Brukinsa. O grupo de pesquisas clínicas WuXi Biologics, por sua vez, inaugurou em dois anos fábricas na Alemanha, Estados Unidos e Irlanda.
A Junshi Biosciences licenciou seu tratamento de anticorpos contra o câncer Toripalimab para a Coherus, com sede nos Estados Unidos, recebendo um total de US$ 1,11 bilhão. A farmacêutica também obteve aprovações para seu tratamento com anticorpos contra a Covid-19 em 15 países.
Retorno dos pesquisadores
Além das vacinas e da renovação do portfólio, outro fator por trás do rápido crescimento da indústria farmacêutica chinesa é o retorno de pesquisadores que antes atuavam no Exterior, que ajudaram o setor a alcançar os padrões internacionais de qualidade, conformidade e boa fabricação. Mais do que incentivos para repatriar talentos, as farmacêuticas locais também oferecem parte de suas ações para contratar profissionais com experiência no Exterior.
O dinheiro flui para dentro
Outro pilar da ascensão chinesa é simples: dinheiro. O investimento de empresas de private equity e venture capital no setor farmacêutico do país atingiu um recorde de US$ 2 bilhões em 2021, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Pitchbook.
Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/china-deve-liderar-mercado-farmaceutico-global/
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