Na contramão da queda de 4,1% do PIB, a produção física de embalagens cresceu 0,5% no país no ano passado

Na contramão da queda de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a produção física de embalagens cresceu 0,5% no país no ano passado, confirmando a contribuição relevante do pagamento do auxílio emergencial na sustentação do consumo e em diferentes setores da economia, após o início da pandemia de covid-19. Cerca de 70% da produção de embalagens, considerando-se os diferentes tipos de materiais, é destinada a bens de abastecimento, com destaque para alimentos.

“O auxílio emergencial foi o pilar central da possibilidade de consumo e trouxe para o mercado aqueles que estavam na margem, e não consomem regularmente”, diz o presidente da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Marcos Antonio de Barros. A chegada dessa “nova” classe ao consumo, a substituição das refeições fora de casa por alimentos comprados no varejo tradicional e a aceleração do comércio eletrônico se refletiram em maior demanda ao setor.

Para o executivo, o pagamento de novo auxílio em 2021, mesmo que menor, deve ter o mesmo efeito positivo sobre o consumo das famílias, ainda mais concentrado em alimentação. Dentre as principais indústrias usuárias de embalagens, as de alimentos, farmacêuticos e limpeza e perfumaria apresentaram crescimento no ano passado, segundo estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV) para a Abre.

Conforme o levantamento, a produção física de embalagens recuou 9,1% no segundo trimestre de 2020, na comparação anual, com o início da pandemia no Brasil. Foi a maior queda trimestral desde 2013. Na segunda metade do ano, quando o pagamento do “voucher” já se refletia na retomada das encomendas, a produção do setor cresceu 1,4% no terceiro trimestre e 8,5% no quarto trimestre – somente em dezembro, a alta foi de 12,4%, contra 10,2% da indústria de transformação. O crescimento nos últimos três meses do ano foi o maior desde 2013.

A retomada mais forte do que o esperado no segundo semestre se refletiu em descasamento entre oferta e demanda de embalagens e faltou produto no mercado doméstico, particularmente entre setembro e outubro. A depender do tipo de material utilizado, afirma Barros, a situação ainda não se normalizou. Esse desajuste, combinado à alta das diferentes matérias-primas, resultou em aumento de preços e o valor bruto da produção brasileira de embalagens subiu a R$ 92,9 bilhões no ano passado, alta de 15,8% ante 2019.

No ano passado, conforme o estudo, o plástico respondeu por 39,6% do valor bruto da produção, seguido por embalagens metálicas (19,9%) e papelão ondulado (18,7%). E, enquanto a produção de embalagens de plástico e papel e papelão cresceu 6,8% e 1%, respectivamente, em vidro houve queda de 16,4% em 2020, influenciada pelo fechamento de bares e restaurantes.

 O estudo mostra ainda que o emprego formal na indústria cresceu 4%, frente a 1,3% da indústria de transformação. Em dezembro, o setor empregava 230,9 mil trabalhadores, o equivalente a 3,3% da indústria de transformação.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/03/18/com-auxilio-emergencial-producao-de-embalagens-cresce-05-em-2020.ghtml

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