Os medicamentos para tratar síndromes respiratórias estão em falta desde abril pela alta procura, que disparou nas últimas semanas, principalmente da linha pediátrica. O proprietário de três drogarias de Marília, Alexsandro Estraiotto, mencionou a dificuldade de compra das distribuidoras. Com isso, não há margem de negociação e os produtos chegam sem desconto aos consumidores, que também ficam reféns das grandes marcas, quando encontram.

Depois do surto de gripe, concomitantemente à última onda de Covid, no início do ano, a venda de medicamentos voltou à rotina, mas a normalidade durou pouco mais de um mês.

De acordo com o relato de algumas drogarias e consumidores, com o aumento significativo de quadros gripais e até Covid (mais recentemente), a venda de medicamentos para síndromes respiratórias disparou novamente a partir de abril e os laboratórios não têm conseguido acompanhar o mesmo ritmo.

‘Os comprimidos, mais utilizados entre adultos, têm uma produção mais rápida, mas os xaropes e suspensão dependem de processos de produção e envasamento mais demorados’, disse o empresário.

Por conta disso, as medicações da linha pediátrica são as que sofrem maior escassez nas prateleiras das drogarias. ‘Temos sentido dificuldade de compra principalmente de antibióticos como amoxicilina suspensão, antialérgicos suspensão e até pastilhas para garganta’, contou Estraiotto.

Ele mencionou que é preciso estar atento às distribuidoras para conseguir comprar os medicamentos e disponibilizar aos clientes. Porém, as drogarias menores têm sofrido mais porque não conseguem fazer esse acompanhamento diário junto aos representantes.

Outro problema é que os preços ficam mais caros. Um dos motivos é que os laboratórios menores (mais baratos) são os que têm produção menor, e os clientes têm ficado reféns das grandes marcas, encontradas com menos dificuldade que as demais.

Além disso, as drogarias perdem poder e tempo de negociação na aquisição dos medicamentos, repassando os produtos sem desconto para os consumidores. ‘Quando a demanda aumenta muito, perdemos a margem de negociação. Se formos fazer pesquisa e pedir desconto, ficamos sem os medicamentos, que acabam em menos de 15 minutos’.

Consumidor

O comunicador social Henrique Gonçalves é pai de duas crianças, um bebê de quatro meses e uma menina de um ano e dez meses. Sua fala confirma a escassez de medicamentos pediátricos. Os filhos estão gripados e ele enfrenta o que chamou de ‘peregrinação nas farmácias’.

No último sábado (7) ele se deslocou a quatro drogarias para comprar o xarope Abrilar e no domingo (8) desistiu de encontrar o antialérgico Allegra, adquirindo um genérico. Na terça-feira (dia 10) o comunicador procurou outros quatro medicamentos para os filhos: a enterogermina (desconforto intestinal) ele só encontrou na terceira farmácia. O Leg (desloratadina) e o suplemento BioZinc, comprou na segunda drogaria. Já o expectorante Fluimucil não foi possível comprar.

‘Liguei para a médica dos meus filhos e ela substituiu essa medicação. Mas a maioria da população, atendida pelo SUS, não tem esse acesso ao profissional que receitou a medicação e não consegue fazer a troca’, disse o pai das crianças.

Mesmo com a substituição da receita médica, Henrique Gonçalves ainda teve que ir a cinco drogarias da avenida Sampaio Vidal, antes de encontrar o Brondilat, no sexto estabelecimento.

Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/dispara-procura-de-remedios-para-quadros-gripais-que-estao-em-falta/

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