O ano começou com um sinal de alerta para o grande varejo farmacêutico nacional, que registrou queda no número de clientes atendidos e unidades vendidas em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O faturamento subiu apenas 3,94%, desempenho surpreendente para um setor que avançou 17,43% em 2022.

Os dados são das 29 redes que integram a Abrafarma. Os itens adquiridos pelos clientes somaram 251,3 mil unidades no período, contra 272,8 mil de janeiro do ano passado – um recuo de 7,87%. A queda na venda de medicamentos chegou a 15,16%. Apenas os não medicamentos cresceram, com tímida alta de 3,62%.

Já o total de atendimentos foi de 89,4 mil, redução de 4,15% em relação aos 93,3 mil contabilizados em janeiro de 2022. Esses indicadores refletiram diretamente no faturamento de R$ 6,75 bilhões, enquanto o primeiro mês do ano passado registrou R$ 6,49 bi. Já a receita com medicamentos isentos de prescrição (MIPs) despencou 17,14%. A categoria com melhor performance foi a dos genéricos, com movimento de R$ 787 milhões e evolução de 4,96%.

“Em janeiro de 2022 tivemos o impacto da ômicron, que naturalmente atraiu mais consumidores para as farmácias. Logo a comparação é um tanto injusta por causa da situação atípica que vivemos no ano passado. Vamos aguardar fevereiro, mas os dados indicam uma piora no acesso e possível queda na adesão ao tratamento”, aponta Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma.

Alta do ICMS pode impactar consumo no varejo farmacêutico
Sergio lembra ainda os injustificáveis aumentos das alíquotas do ICMS em 12 estados brasileiros, para compensar perdas com a isenção tributária sobre os combustíveis, o que pode piorar ainda mais o consumo no varejo farmacêutico e o acesso da população a bens essenciais.

“Já vínhamos com uma carga tributária de inexplicáveis 33% em medicamentos, um número inconcebível se pensarmos nos nefastos efeitos sobre o abandono ao tratamento em longo prazo. Com tais movimentos, o Brasil insiste em caminhar na contramão do mundo no que se refere a pensar na saúde da população. Nos outros países, cuidado em longo prazo está na ordem do dia dos governos. Por aqui, as pessoas ficam cada vez mais doentes e vivem menos, se não conseguem cumprir seu tratamento. É lastimável, portanto, a visão desses governadores que consideram combustíveis mais importantes que remédios”, critica Barreto.

Apesar desse cenário, as grandes redes de farmácias mantiveram o ritmo de ampliação do número de lojas, superando 9,6 mil PDVs. O contingente de funcionários e colaboradores aumentou 4,49%. As farmácias continuam a reforçar sua presença geográfica e aprimorar a prestação de serviços à saúde.

Vendas no varejo farmacêutico (Jan 2023 x Jan 2022)

Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/indices-negativos-surpreendem-varejo-farmaceutico/ 

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