Os ensaios clínicos para uma pílula contra a covid-19 foram iniciados em todo o mundo, à medida que as empresas farmacêuticas trabalham em uma forma mais simples e econômica de tratar os pacientes e, finalmente, ajudar a controlar a pandemia.

A Merck, sediada nos Estados Unidos, está trabalhando com a startup Ridgeback Biotherapeutics em um tratamento antiviral oral chamado molnupiravir. Um ensaio final de Fase 3 para a droga está sendo conduzido em todo o mundo, inclusive no Japão, e suas descobertas podem estar disponíveis já em outubro.

A Merck planeja buscar autorização para uso emergencial do molnupiravir nos Estados Unidos até o fim do ano e pode buscar autorização para uso emergencial no Japão um ou dois meses depois.

O molnupiravir foi originalmente desenvolvido para tratar a gripe, mas espera-se que também seja eficaz contra o coronavírus. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos assinou um acordo para comprar 1,7 milhão de doses por US$ 1,2 bilhão, e a Merck se prepara para produzir 10 milhões de doses até o fim do ano.

A Pfizer está trabalhando em dois tipos de candidatos a antivirais – um oral e um intravenoso – com base em um tratamento desenvolvido para a síndrome respiratória aguda grave, ou SARS, surto que começou em 2002. Eles são projetados para pacientes com sintomas leves a moderados que não exijam hospitalização.

Espera-se que os dados iniciais dos ensaios clínicos sejam publicados entre outubro e dezembro, e que os tratamentos estejam disponíveis no início do próximo ano.

As farmacêuticas japonesas também estão avançando nos tratamentos orais contra o coronavírus. A japonesa Shionogi iniciou os testes de Fase 1 para uma pílula de coronavírus em julho. Seu objetivo é lançar um ensaio clínico em grande escala este ano e pretende lançar o tratamento no mercado até o fim de 2022.

A Chugai Pharmaceutical adquiriu direitos de desenvolvimento e marketing no Japão para um antiviral oral que está sendo desenvolvido pela Roche. O tratamento pode estar disponível globalmente em 2022.

A autorização de uso de emergência permite que os Estados Unidos disponibilizem temporariamente tratamentos não aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) em resposta a pandemias, terrorismo biológico e outras emergências de saúde pública. O processo leva cerca de três semanas, ao contrário da triagem de seis a 12 meses para a aprovação formal do FDA, e as autoridades podem retirar a autorização caso surjam problemas de segurança e eficácia.

O Japão tem uma estrutura semelhante, que permite o uso emergencial de produtos farmacêuticos que ainda não foram aprovados no país, mas estão em uso nos Estados Unidos, no Reino Unido e em outros países que impõem padrões semelhantes para medicamentos.

O Japão leva cerca de dois meses para examinar os produtos farmacêuticos para uso emergencial. Se os Estados Unidos autorizarem os tratamentos da Merck e da Pfizer para uso de emergência até o fim do ano, eles também podem estar disponíveis no Japão no início de 2022.

Os tratamentos atuais contra o coronavírus incluem um coquetel de anticorpos voltado para pacientes com sintomas leves, mas considerados de alto risco. Mas o coquetel precisa ser administrado por via intravenosa, e uma rodada de tratamento pode levar de três a quatro horas.

O custo é outro problema. O Ronapreve, desenvolvido pela Regeneron Pharmaceuticals e Roche, custa US$ 2.100 por dose. O alto preço significa que seu uso é limitado principalmente a áreas relativamente ricas com um certo padrão de cuidados de saúde.

Tratamentos orais como o Tamiflu podem mudar o jogo, uma vez que podem ser facilmente prescritos e administrados a quem está doente em casa.

Como os antivirais impedem a multiplicação do vírus, espera-se que sejam eficazes contra diferentes variantes. Eles também podem ser formulados quimicamente, o que significa que podem ser produzidos em fábricas farmacêuticas existentes e por um décimo ou menos do custo dos tratamentos com anticorpos.

O coronavírus já infectou mais de 230 milhões de pessoas e matou mais de 4,7 milhões em todo o mundo até agora. Os esforços de vacinação estão progredindo nas economias desenvolvidas, com mais de 60% das pessoas nos Estados Unidos e na Europa recebendo pelo menos uma injeção. Aproximadamente 60% dos japoneses receberam pelo menos uma dose e mais de 50% receberam duas.

Mas as infecções invasivas estão se tornando mais comuns com a disseminação do delta e outras variantes. Foi relatado que a eficácia da vacina diminui com o tempo, tornando as vacinas e o tratamento oral essenciais para controlar a pandemia.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/09/24/laboratorios-farmaceuticos-de-varios-paises-entram-na-corrida-pela-pilula-contra-covid-19.ghtml

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