Depois da liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a venda de melatonina no Brasil, grandes laboratórios já se movimentam para lançar o produto no mercado nacional. EMS deve colocar nas farmácias brasileiras esse tipo de suplemento ainda este ano. A Hypera e a Cimed se adiantaram e já vendem no Brasil as versões para o hormônio.
Pela determinação da Anvisa, o uso da substância melatonina será em forma de suplementos alimentares, destinados exclusivamente a pessoas com idade igual ou maior que 19 anos e para o consumo diário máximo de 0,21 mg.
A melatonina é um hormônio naturalmente produzido pelo organismo e secretado principalmente à noite, atingindo o pico entre 2 e 4 horas da manhã, e funciona como um facilitador no processo de sincronização do ritmo circadiano, que orienta o nosso organismo entre o dia e a noite, para que o corpo saiba quando acordar, ficar ativo, sentir fome ou sono, por exemplo.
“Os suplementos de melatonina deverão conter advertência de que o produto não deve ser consumido por gestantes, lactantes, crianças e pessoas envolvidas em atividades que requerem atenção constante. Pessoas com enfermidades ou que usem medicamentos deverão consultar seu médico antes de consumir a substância”, diz a Anvisa.
Até a mudança regulatória aprovada neste mês, a Anvisa proibia, por falta de registro, a livre comercialização da melatonina no Brasil. O hormônio era liberado para compra e venda apenas por farmácias de manipulação com prescrição médica.
Para Luiz Clavis, vice-presidente de Vendas e Marketing da Hypera Pharma, o mercado em que a melatonina está inserido no Brasil, o de suplementos alimentares, tem um grande potencial de crescimento com o início das vendas do hormônio nas farmácias.
Segundo ele, tomando como base os Estados Unidos, que é um mercado já bastante maduro, a receita com a melatonina alcançou mais de US$ 820 milhões em 2020, de acordo com dados da Nielsen.
“O mercado de vitaminas e suplementos alimentares é um dos nossos grandes focos de atuação atualmente, e a melatonina chega para complementar a nossa oferta”, disse Clavis.
Segundo dados da consultoria IQVIA elaborados pelo Sindusfarma, nos 12 meses terminados em setembro, foram vendidas 23,33 milhões de unidades. Em 2020, esse volume foi de 19,47 milhões. A receita gerada foi de R$ 811,25 milhões e R$ 671,26 milhões, em 2021 e 2020, respectivamente.
A Hypera lançou pelo menos quatro versões de melatonina. No segmento da Mantecorp Farmasa apresentou a nova marca, Melatonum, e nos portfólios de Vitasay e de Neo Química, como comprimidos orodispersíveis, que dissolvem na boca.
“A permissão de comercializar melatonina no Brasil é um passo importante para democratizar o acesso a uma molécula já conhecida nos EUA e Europa, que só estava acessível para quem realizava viagens internacionais”, disse Clavis.
Na EMS, segundo o diretor médico da farmacêutica brasileira, Roberto Amazonas, o produto está em fase final de desenvolvimento e deve entrar no mercado ainda este ano, em duas apresentações: comprimido mastigável e em gotas. O executivo ressaltou que a expectativa da companhia é de deter pelos menos 15% no mercado de indutores de sono o primeiro ano de vendas.
“A nossa estimativa é ter, pelo menos, R$ 20 milhões de receita. Esse mercado cresce bastante. A melatonina, além de ser natural, traz outros benefícios como a melhora do humor e é antioxidante”, disse Amazonas.
O executivo ressaltou que, atualmente no Brasil, a melatonina é comercializada como calmante natural. Esse segmento, dentro de suplementos, movimenta aproximadamente R$ 275 milhões no mercado brasileiro, “mas poderá chegar a R$ 352 milhões com o hormônio.”
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