O medicamento se mostrou eficaz na redução da glicose no sangue e na prevenção da hipoglicemia em camundongos e babuínos
Até hoje, a única opção para tratar o diabetes tipo 2 é usar insulina injetável. Mas este cenário pode mudar em breve. Pesquisadores da Universidade Ártica da Noruega e da Universidade de Sydney, da Austrália, desenvolveram uma insulina oral que se mostrou eficaz na redução da glicose no sangue e na prevenção da hipoglicemia em camundongos e babuínos. O próximo passo serão os testes clínicos em humanos – com previsão para serem iniciados já em 2025.
“Esta forma é mais precisa porque fornece a insulina rapidamente às áreas do corpo que mais necessitam dela”, disse Peter McCourt, um dos coautores do estudo. “Quando você toma insulina com uma seringa, ela se espalha por todo o corpo, podendo causar efeitos colaterais indesejados.”
O portal New Atlas explica que os cientistas já haviam descoberto que a entrega do medicamento ao fígado era possível usando nanocarreadores, mas o seu sistema de administração tinha de ser capaz de sobreviver aos rigores da elevada acidez do estômago e à ação das enzimas digestivas.
Eles, então, criaram um revestimento para proteger a insulina e mantê-la segura até chegar ao destino final, o fígado. Esse revestimento, um copolímero de quitosana e glicose aplicado à insulina ligada a pontos quânticos de sulfeto de prata (Ag 2 S), é decomposto no fígado por enzimas que só são ativadas quando a glicemia está alta.
“Isso significa que quando o açúcar no sangue está alto, há uma liberação rápida de insulina e, ainda mais importante, quando o açúcar no sangue está baixo, nenhuma insulina é liberada”, relatou Nicholas Hunt, coautor correspondente do estudo.
Os primeiros testes foram feitos em ratos saudáveis e com diabetes. Depois, foi a vez dos babuínos. Este segundo grupo compreendeu 20 animais saudáveis e não diabéticos. O tratamento com cinco unidades internacionais (UI)/kg e 10 UI/kg de insulina oral produziu uma redução de 10% e 13% na glicemia, respectivamente, com efeitos observáveis entre 15 e 30 minutos.
A reportagem do New Atlas destaca que tanto nos roedores quanto nos primatas não foram registrados casos de hipoglicemia, uma possível complicação aguda de quem tem diabetes. Observou também que o método, além de ser mais prático para o paciente, imita mais de perto o modo como a insulina atua em pessoas saudáveis.
“Quando você injeta insulina sob a pele com uma seringa, muito mais insulina vai para os músculos e tecidos adiposos do que normalmente aconteceria se fosse liberada pelo pâncreas, o que pode levar ao acúmulo de gordura”, pontuou Hunt. “E pode levar à hipoglicemia, que pode ser potencialmente perigosa para pessoas com diabetes.”
O pesquisador adiantou que os testes em humanos começarão em 2025, liderados pela empresa Endo Axiom Pty. A expectativa é que a insulina oral esteja disponível para uso dentro de dois a três anos.
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