Queda de 4,5%, considerando todos os materiais, foi pior do que o esperado pelos fabricantes
A produção brasileira de embalagens, considerando-se os diferentes tipos de materiais, recuou 4,5% no ano passado, com desempenho pior do que o esperado pela indústria e, no melhor dos cenários, caminha para encerrar 2023 no zero a zero.
Os dados fazem parte de um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), para a Associação Brasileira de Embalagem (Abre), que mostra ainda que o setor ensaiou recuperação entre o segundo trimestre e o terceiro trimestre, mas acabou frustrado pela queda mais acentuada da produção física nos três últimos meses do ano.
Após um recuo de 2% nos três primeiros meses do ano, o segundo e o terceiro trimestres foram marcados por crescimento de 4,8% e 1,3%, respectivamente. No quarto trimestre, houve retração de 3,3%. “Esperávamos um número negativo, mas não tão negativo. Isso reflete a desaceleração da economia vista no decorrer do ano”, diz o presidente do conselho da Abre, Marcos Barros.
Esse foi o segundo ano consecutivo de queda na produção de embalagens e apenas um segmento, o de vidro, teve crescimento interanual, de 8%. A maior baixa foi registrada em embalagens metálicas, de 15,8%, seguidas de plástico, com 4,3%.
Na avaliação de Barros, a polarização política nas eleições nacionais afetaram negativamente a confiança e freou o consumo – o setor de embalagens tem elevada exposição aos segmentos de alimentos e higiene e limpeza.
Do lado da indústria, após a falta de embalagens no período crítico da pandemia, encomendas foram reforçadas no começo do ano passado e, quando houve desaceleração do consumo, os clientes, estocados, deixaram de apresentar novos pedidos.
Apesar da queda em volume, o valor bruto da produção brasileira de embalagens cresceu 3,9% no ano passado, para R$ 123,2 bilhões. De acordo com o presidente da Abre, o repasse da alta de custos explica essa curva. “A indústria de embalagem sempre fica para trás no repasse de aumento de custos ao preços, mas conseguiu se recuperar”, diz Barros. O estudo mostra ainda que houve leve desaceleração dos preços dos principais insumos entre julho de 2022 e janeiro deste ano.
Neste início do ano, há movimentos pontuais de aumento de preço, mais concentrados no vidro, cuja oferta ainda é menor do que a demanda globalmente. No Brasil, com a entrada em operação de dois novos fornos no segundo semestre, a expectativa é de início de normalização.
Segundo Barros, o começo de 2023 permaneceu fraco para o setor de embalagens, mas a expectativa na indústria é positiva para o segundo semestre, que é sazonalmente mais forte.
Com grandes eventos, como a Black Friday e o Natal, o período tende a ser marcado por encomendas superiores. “O sentimento é que o segundo semestre tende a ser um pouco melhor, mas é difícil calibrar quanto”, pondera o presidente do conselho da Abre.
Ainda assim, no acumulado do ano, o desempenho deve ser fraco, acompanhando a evolução do Produto Interno Bruto (PIB). Conforme o estudo, com uma expansão mínima do PIB anual, de 0,3%, a produção de embalagens pode fechar o ano com queda de 0,8%, considerando-se um intervalo estimado que vai de -1,6% a zero.
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