Um estudo realizado em maio pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) indicou que durante a pandemia os brasileiros passaram a se automedicar com mais frequência. Uma pesquisa anterior do mesmo órgão já havia apontado que 77% dos brasileiros que usam medicamentos o fazem sem prescrição médica, sendo que quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês e um quarto (25%), todo dia ou pelo menos uma vez por semana.
A busca por uma forma de alívio imediato de alguns sintomas pode trazer riscos à saúde. ‘O uso dos medicamentos sem prescrição de um profissional habilitado pode mascarar o diagnóstico correto, atrasando o tratamento adequado. Além disso, quem abusa da automedicação pode sofrer com reações adversas e agravamento da doença’, explica a farmacêutica Valeska Ribeiro.
A especialista destaca que apesar das medidas legais como a exigência e retenção de receita médica para coibir o uso dos antibióticos sem prescrição, a população tem substituído esses medicamentos por anti-inflamatórios.
‘Muitas pessoas fazem uso indiscriminado de medicamento e até os substituem à medida que o acesso se torna mais difícil. Mas é importante entender que todo e qualquer uso deve ser indicado e acompanhado por profissional habilitado para evitar intervenções e reações indesejada’, pontua.
Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas apontam que a maioria dos casos de intoxicação registrados no Brasil é proveniente de medicamentos. Antitérmicos, relaxantes musculares e medicamentos que atuam no sistema nervoso central estão entre os mais usados indevidamente.
A especialista destaca que durante a pandemia houve também aumento no consumo de medicamentos isentos de prescrição. ‘Com a justificativa de melhorar a imunidade, muitas pessoas recorreram ao uso indiscriminado da vitamina C, zinco, ferro, dentro outros complexos vitamínicos. Entretanto, o uso aleatório não traz benefícios e pode causar a Hipervitaminose, uma intoxicação causada pelo excesso de vitamina no organismo’, explica Valeska.
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