Localização, infraestrutura, incentivos fiscais e tributários e mão de obra qualificada atraem o setor de ciências da vida para Minas Gerais. O segmento está em segundo lugar na indústria, com 23% de participação, depois de mineração. São favorecidas a Região Metropolitana de Belo Horizonte, o sul, em torno de Pouso Alegre, e o norte, ao redor de Montes Claros, um dos 281 municípios, entre os 853 do Estado incluídos no escopo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) com redução de até 75% no Imposto de Renda.
ICMS menor reforça a estratégia estadual e o movimento anima cadeias de produção. A ACG, fornecedora indiana de soluções para a indústria farmacêutica, anunciou investimentos de R$ 300 milhões em Pouso Alegre para aumentar a produção em 120% em cinco anos. São Sebastião da Bela Vista, com 14 mil habitantes, recebeu uma fábrica para impressão de bulas da Cimed, diz Adriano Carvalho, diretor de atração de investimentos do Invest Minas.
O grupo Pardini é uma das potências mineiras. Em 2020 registrou receita bruta de R$ 1,6 bilhão, 102 milhões de exames realizados e 6,5 mil colaboradores. Seu portfólio tem 8 mil testes, 162 unidades próprias, 78 em Minas, e 6,4 mil laboratórios e hospitais parceiros. Na última década investiu mais de R$ 700 milhões em 15 aquisições, incluindo empresas de alta especialização como a DLE.
Oncologia e medicina personalizada são focos da companhia, cujo Núcleo Técnico Operacional (NTO) em Vespasiano (região metropolitana da capital) tem apoio do aeroporto Tancredo Neves, a dez minutos de distância. Em 2020 o grupo anunciou R$ 1 bilhão para aquisições em cinco anos e já gastou R$ 200 milhões em três empresas, diz o vice-presidente Alessandro Ferreira.
Outra potência mundial, o dinamarquês Novo Nordisk produz em Montes Claros 15% da insulina do planeta e 30% do que é fabricado pela empresa no mundo. Dos 45 mil funcionários da companhia, pouco mais de 1 mil estão na unidade, exportadora de talentos com 70 especialistas em outros mercados. O VP corporativo,,Reinaldo Xisto Vieira Costa, que já trabalhou na França e na China, tem orçamento aprovado de R$ 500 milhões para otimizar processos com tecnologias como robotização nos próximos três ou quatro anos.
Eurofarma e Cristália também investem na cidade. A primeira, quase R$ 1,2 bilhão em fábrica para antibióticos, fármacos sólidos e hormonais, agregando 120 milhões de unidades às 434 milhões produzidas anualmente e 600 empregos. Só na obra são 1,5 mil trabalhadores, diz o diretor e relações institucionais e novos mercados Walker Lehmann. A inauguração está prevista para 2022 e reforçará as exportações – a marca já está presente em 20 países da América Latina, com fábrica em seis.
O Cristália comprou em junho a fábrica onde funcionou a Santanense. O reforço deve alcançar R$ 500 milhões em três anos e gerar 700 empregos, com expectativa de inauguração em 2023. “A cidade foi escolhida por incentivos fiscais, estrutura do imóvel e mão de obra qualificada”, diz o presidente Ricardo Pacheco. Em Pouso Alegre (Unidade VIII), R$ 40 milhões entre 2020 e 2021 trouxeram equipamentos integrados para envase de injetáveis, com capacidade de 1,5 milhão de frascos por mês, o que quadruplicou a produção de anestésicos usados em intubação.
Pouso Alegre abriga ainda União Química, Cimed e Biolab, de irmãos cujo pai era do ramo. A primeira tem nove fábricas, uma delas nos Estados Unidos. A de Pouso Alegre tem 1,3 mil empregados e deve faturar R$ 2,5 bilhões este ano, cerca de 50% do total da companhia. O principal centro de distribuição e o parque gráfico que produz as embalagens do grupo também ficam lá e um investimento de R$ 200 milhões para 2022 deve gerar mais de 300 novas vagas na cidade, explica o presidente Fernando de Castro Marques.
A Cimed prevê faturamento de R$ 2,3 bilhões em 2021, 20% mais que 2020. Tem mais de 770 mil m2 entre Pouso Alegre, onde produz as 18 bilhões de unidades anuais da companhia, e São Sebastião da Bela Vista. Em 2019 de partida a investimentos de R$ 300 milhões. O centro de distribuição já foi entregue e em 2022 deve inaugurar o parque fabril para ampliar a produção de sólidos de uso oral de 28 milhões para 40 milhões de unidades ao mês, diz o presidente João Adibe Marques.
A Biolab investe R$ 500 milhões na cidade. Levou para lá o centro de distribuição e está construindo sua quarta fábrica, prevista para 2023, forma o CEO Cleiton de Castro Marques.
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