As vendas de medicamentos anticancerígenos poderão quase dobrar e alcançar US$ 290 bilhões até 2025, representando o primeiro mercado mundial da indústria farmacêutica, segundo relatório do banco suíço UBS.
O câncer é uma das principais causas de morte no mundo, sendo responsável por quase 10 milhões de vítimas em 2020, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 70% dessas mortes ocorrem em países de renda baixa e média.
A taxa de crescimento de novos casos poderá ser mais do dobro do crescimento da população até 2040. Esse aumento contínuo está diretamente ligado ao envelhecimento da população mundial.
Câncer resulta de mutações acumuladas de células causadas por fatores genéticos, ambientais ou outros. Esses efeitos são mais prováveis de ocorrer na medida em que a pessoa envelhece.
Com base em dados da American Cancer Society, o banco suíço calcula que a possibilidade de desenvolvimento de câncer em pessoas com mais de 70 anos é quase dez vezes maior do que quando tem menos de 50 anos em homens e cinco vezes mais em mulheres. Para alguns tipos de câncer, como o de pulmão e próstata, o risco relativo pode ser até 50 vezes maior.
A aceleração das vendas de drogas nesse mercado se explica em boa parte pelos progressos científicos realizados nos últimos anos. A maioria dos grandes laboratórios entrou no segmento. O desenvolvimento de medicamentos anticancerígenos na última década tem sido a chegada da idade da imuno-oncologia direcionada, que aproveita o sistema imunológico do próprio corpo para combater o câncer. Esses tratamentos oferecem esperança maior do que a terapia convencional com quimioterapia tradicional.
A nova geração de drogas conhecida como inibidores de ponto de controle (checkpoint inhibitors) se estabeleceu como o padrão de tratamento em muitos tipos de câncer, incluindo o câncer de pulmão e melanoma, com vendas combinadas superiores a US$ 25 bilhões em 2020, segundo o UBS.
Os lançamentos de terapias inovadoras variam ao redor do mundo, com a China lançando 37 nos últimos cinco anos, contra 6 nos cinco anos anteriores, enquanto a União Europeia e Reino Unido lançaram juntos 53 desde 2016 contra 62 nos EUA.
De acordo com o especialista de dados de saúde IQVIA, pesquisas, especialmente entre as empresas bio farmacêuticas emergentes, resultaram em um pipeline de quase 3.500 tratamentos potenciais para o câncer, 75% a mais desde 2015.
No total, segundo IQVIA, os medicamentos contra câncer representam hoje 39% do pipeline farmacêutico global e 43% das drogas em testes pré-fase 2.
A oncologia representa assim a área de crescimento mais rápido no mercado farmacêutico global. Desde 2015, as vendas de drogas anticancerígenas têm crescido a uma taxa anual de 13%, passando de US$ 100 bilhões para cerca de US$ 160 bilhões neste ano.
UBS diz esperar que as vendas de oncologia continuem a superar o mercado farmacêutico mais amplo, mantendo um crescimento semelhante nos próximos cinco anos na direção de faturamento de US$ 290 bilhões até 2025.
Nota que o poder de fixação de preços está cada vez mais ligado à inovação no mercado farmacêutico. Novos tratamentos entrarão no mercado nos próximos anos e deverão contribuir cada vez mais nas vendas.
Recentemente, gigante farmacêutico suíço Novartis anunciou que vai pedir a homologação nos EUA e na Europa de um tratamento inovador contra câncer da próstata baseado na medicina nuclear. O problema com a radioterapia hoje é que pode destruir também as células sadias na zona tratada. Com a nova tecnologia, o anticorpo detecta o tumor da próstata e o átomo radioativo vai destruí-lo.
Testes clínicos com a nova terapia mostraram que ela pode reduzir o risco de mortes em 38% comparado ao tratamento padrão atual. O jornal Tribune de Geneve chegou a prever que o tratamento poderá ser uma ‘mina de ouro’ para a empresa.
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