O isolamento social provocado pelo novo coronavírus, aliado à inserção de novos revendedores em busca de recolocação profissional e ao incremento de soluções tecnológicas que favoreceram as vendas online, são os principais fatores que fizeram com que o setor de vendas diretas – também conhecido como porta a porta – fosse um dos poucos do comércio a registrar crescimento no primeiro semestre deste ano.
Levantamento inédito realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), entidade que reúne as empresas do setor, mostra que o segmento registrou em julho um aumento de 38,9% em relação ao mesmo mês do ano passado.
No acumulado do primeiro semestre de 2020, a venda vireta cresceu cerca de 3% em comparação com o primeiro semestre de 2019. O número de revendedores teve um salto de 21% na comparação entre os meses de julho destes anos.
“Os dados mostram um momento bastante positivo para o setor de expansão e inovação. Mais do que nunca, a venda direta é uma excelente opção de negócio para quem quer empreender e precisa de uma renda adicional, com baixo risco e custo de entrada”, explica Adriana Colloca, presidente executiva da ABEVD.
Segundo ela, o setor já vinha incentivando a força de vendas para o uso de ferramentas digitais na divulgação e venda de produtos.
“Com a possibilidade de ser feita de forma digital, não há mais barreiras. O relacionamento, o cuidado e o carinho da venda direta podem acontecer online, com conquista de mais clientes e maior divulgação dos produtos. É o que chamamos de social selling, a venda direta acompanhando as tendências das relações em geral. Se as relações estão cada vez mais digitais, a venda direta segue esse caminho e encontrou solo fértil para crescimento”, completa.
WhatsApp é ferramenta mais usada
De acordo com pesquisa realizada pela ABEVD, as vendas diretas tiveram engajamento de 20,6% na internet, 18% no WhatsApp e 14,9% nas mídias sociais, ou seja, mais de 50% das vendas realizadas pelos empreendedores independentes ocorrem em meio digital.
O WhatsApp é a ferramenta mais utilizada de comunicação com os clientes, seja para disponibilizar informações sobre produtos ou serviços, seja para realizar atendimentos e vendas.
As redes sociais, além de atuarem como canal de vendas, também estabelecem o contato e o relacionamento com o cliente, uma vez que as relações pessoais estão no centro do negócio, o que também viabiliza a utilização do canal da venda direta como preferência na aquisição de um produto ao invés de deslocamento a um centro de compras.
O processo de digitalização do setor ocorreu por meio da otimização de processos, convergindo para determinadas ferramentas digitais que ofereçam tecnologia e auxiliem os empreendedores em suas funções, como plataformas de treinamento, kits de materiais de comunicação, atendimento individual e especializado que atendam às necessidades de diferentes perfis de empreendedores.
Aumento do alcance dos revendedores
Para o diretor de vendas da Tupperware Brands Brasil, Newton Nascimento, antes de a digitalização se tornar um pilar estratégico para a marca, o receio era de que a mudança poderia levar a uma exclusão do empreendedor, o que de fato não aconteceu.
“O grande aprendizado foi que digitalizar não significa tirar o empreendedor do centro ou tornar esta atividade menos relevante. Muito pelo contrário: digitalizando, você oferece ferramentas para a consultora aumentar seu alcance e para que a atividade fique mais relevante. Nosso papel como indústria é capacitar as pessoas. Com ferramentas, as pessoas transformam, inovam e fazem a atividade possível”, concluiu.
Um esforço também bastante comum é o dos empreendedores independentes que utilizam suas próprias mídias sociais para gravarem vídeos, outros para enviar informações pelo WhatsApp, fazendo demonstração, explicando suas funcionalidades e dando dicas.
Assim, alcançam maior escala de vendas reforçando o empreendedorismo da rede. Segundo o grupo Natura & Co, nas empresas Natura e Avon, as vendas online cresceram 150%. Já a criação de lojas virtuais cresceu 65%.
Cenário
Estima-se que no Brasil mais de quatro milhões de pessoas atuam no setor de vendas diretas como empreendedores independentes (como são chamados oficialmente os revendedores/representantes). O País também é líder neste segmento na América Latina, e 6° maior mercado de vendas diretas no mundo.
Especialistas do setor acreditam que, com a digitalização, a venda direta é uma tendência que chegou para ficar porque se mostra como uma excelente oportunidade, porque é democrática e acessível.
O digital desburocratiza e facilita o acesso e a venda de produtos e serviços, se configurando como uma oportunidade de experimentar, de forma moderna, uma atuação que vem ganhando destaque por estar alinhada ao futuro.
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