A Vitrus representa, com exclusividade no Brasil, a Libbey, fabricante norte-americana de vidros conhecida pela sofisticação do portfólio de produtos.
Quando ninguém no mercado nacional sabia da existência de copos, taças e canecas de vidro temperado, Francisco Santa Paula Neto viu uma oportunidade de negócio. O empresário paulistano deixou a sociedade em uma fábrica de vidro borossilicato — tipo de liga resistente a altas temperaturas — para empreender sozinho. Assim nasceu, em 1997, a Vitrus, a primeira importadora especializada em vidros especiais do país.
Agora, com a perspectiva de retomada da economia, a empresa está profissionalizando a gestão para alçar voos mais altos – como aumentar o faturamento em 50% em 2018. “Somos como um atleta que treina para uma competição”, diz Tatiana Santa Paula, diretora-geral da Vitrus, que assumiu a empresa familiar após o pai, Francisco, morrer no ano passado. “Durante a preparação, reformulamos estratégias e processos para alcançar objetivos maiores.”
O mercado nacional de hotelaria, onde se concentra a maior parte dos clientes da Vitrus, está em ascensão. Segundo a pesquisa “Hotelaria em números — Brasil 2017”, da consultoria Jones Lang LaSalles Hotels (JLL) com o apoio do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) e da Associação Brasileira de Resorts (ABR), os 10,3 mil hotéis, flats e resorts do país devem consolidar em 2018 a recuperação iniciada em 2017. A projeção é que o setor hoteleiro invista R$ 12,8 bilhões no país até o fim de 2020 com a inauguração de 408 empreendimentos. Em 2018, ainda segundo relatórios da consultoria, além do aumento da taxa de ocupação, a previsão é que o Brasil atraia ainda mais investidores.
A Vitrus representa, com exclusividade no Brasil, a Libbey, fabricante norte-americana de vidros conhecida pela sofisticação do portfólio de produtos, que conta com as marcas Crisa (Portugal) e Royal Leerdam (Holanda). Itens tão frágeis e caros precisam ser duráveis. A indústria sabe e, por isso, investe em tecnologia. Copos, taças e canecas produzidos pela empresa são confeccionados com vidro temperado, material cuja durabilidade é superior à do vidro convencional. Esse vidro especial garante itens resistentes a impactos, riscos, lascas ou trincas.
O processo industrial pelo qual o vidro passa consiste em aquecer a matéria-prima a uma temperatura de até 700°C, seguido de rápido resfriamento. A têmpera dá ao vidro uma consistência rígida, tornando o vidro temperado cinco vezes mais resistente.
Empresas como McDonald’s, Rede Windsor Hotéis, Outback Steakhouse e Detroit Steakhouse utilizam em seus bares e cozinhas utensílios em vidro temperado por uma razão prática: com materiais mais resistentes, serão contabilizados menos itens quebrados ao final do dia. Investir em copos, canecas e taças em vidro temperado pode custar em média 40% mais, mas, no médio prazo, a durabilidade compensa a diferença.
O segmento de vidro para uso doméstico (copos, taças, canecas) é marcado pela coexistência de vários produtores e um grande número de pequenas e médias empresas. A demanda é determinada basicamente pela evolução da atividade econômica e da renda das famílias. No caso dos produtos temperados, mais caros e resistentes, cerca de 20% são importados dos Estados Unidos, França, Itália, Turquia e China.
Como os vidros temperados e de alta qualidade são um segmento ainda pouco explorado no Brasil, há espaço para crescimento. É por isso que a Vitrus projeta um avanço tão sólido em 2018 e nos próximos anos.
Para Tatiana Paula, diretora da Vitrus, está claro para o mercado que dar suporte ao processo de decisão de compra do cliente faz parte do papel dos distribuidores. “Não há espaço para tiradores de pedidos no mercado atual”, diz a executiva. “Prestamos consultorias individualizadas, antecipando as necessidades dos nossos compradores. Queremos estar sempre um passo à frente deles.”
Cade veta negócio
O Grupo Nadir Figueiredo, um dos 10 maiores fabricantes mundiais de vidro para uso doméstico, com a capacidade para produzir 200 mil toneladas por ano, concentra mais de 60% das vendas do mercado brasileiro. Em janeiro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reprovou a aquisição do braço de utilidades domésticas de vidro da Owens-Illinois Brasil pela empresa brasileira. O Cade avaliou que o setor apresenta alto nível de concentração. “A Nadir, em alguns pontos (como a manutenção das margens e das receitas), já apresenta amplo domínio do mercado”, diz o parecer do órgão.
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