Após vender Aesop, Natura&Co integra operação na América Latina e prioriza margem

A ação da Natura chegou a subir mais de 7% nesta terça-feira, na abertura do pregão, refletindo a venda de Aesop para a L’Oréal, anunciada na véspera. Mas, ao fim do dia, fechou com queda de 3,4%. O desempenho mostra que a companhia resolveu um dos seus principais problemas (a alta alavancagem, consumindo caixa com juros) – mas ainda tem outros pela frente e terá que convencer o mercado de que é capaz de resolvê-los.

Alguns analistas chegaram a dizer que a companhia fez até agora a parte fácil ou ainda que optou pelo caminho de curto prazo, e o trabalho duro está por vir. “Fácil é dizer isso”, rebateu Fábio Barbosa, CEO da Natura &Co, em entrevista ao Valor e ao Pipeline.

Barbosa está focado na caminhada à frente, com um passo de cada vez. “Eu não me importo de ter problemas para resolver. Mas não velhos problemas. Agora vamos aos novos problemas”, disse Barbosa.

Ele define a transação como uma “execução perfeita”, considerando o preço e a forma de pagamento (a média das estimativas apontava para US$ 2,2 bilhões num pagamento em parcelas; a venda saiu a US$ 2,5 bilhões em quitação única) e também a situação do mercado. “Nesse meio tempo teve o colapso do Silicon Valley Bank e o problema do Credit Suisse. Cada hora uma novidade, petróleo, inflação, e mesmo assim a operação saiu exatamente como a gente imaginava”, disse.

Não é segredo que a companhia escolheu um ativo com bom desempenho e em crescimento para vender, justamente pela liquidez. “A Aesop é uma marca excelente e promissora. Se você perguntasse à Natura o que ela preferia, com certeza era vender a Avon. Mas o que ela necessitava era vender a Aesop agora”, disse ao Pipeline um executivo que participou do processo de venda.

Barbosa afirma que o segmento de luxo tem tido um crescimento importante, que está retratado nessa operação. “A Aesop tem crescido e a L’Oréal fará bom uso disso. Para nós, significa a prioridade ao rebalanceamento da estrutura de capital”, diz. “Não teríamos uma saída orgânica para isso, o único jeito seria uma injeção de capital, e essa era a melhor forma.”

Admite, no entanto, que a venda da Aesop foi só a primeira etapa de uma reestruturação ainda complexa. “É um alívio resolver um problema: a questão de caixa foi resolvida. Agora vamos lidar com outros, levando adiante coisas que já estavam mapeadas e vínhamos fazendo, e podemos aportar um pouco mais.”

Guilherme Castellan, diretor financeiro, corrobora. “A execução da integração na América Latina é fundamental para a transformação da Natura &Co.”

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/04/05/agora-vamos-aos-novos-problemas-diz-ceo-da-natura.ghtml

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