Investimento de R$ 420 milhões também será destinado ao centro de logística da companhia para atender país e América Latina
Num cenário de arrefecimento da economia no Japão, a farmacêutica japonesa Daiichi Sankyo está investindo em outros países. A companhia está dobrando a capacidade de sua fábrica em Barueri (SP) e continua apostando no mercado de medicamentos gerais (“primary care”) – um movimento contrário ao das farmacêuticas globais que estão se dedicando quase que exclusivamente a remédios de alto custo.
De 2020 para cá, as vendas no mercado brasileiro praticamente triplicaram e hoje o Brasil é um dos três maiores para a Daiichi Sankyo. A receita da operação local é de cerca de R$ 2 bilhões. No ano fiscal de 2023, a companhia apurou um faturamento global de 1,6 trilhão de ienes, o equivalente a US$ 11,1 bilhões (cerca de R$ 63 bilhões).
“A indústria farmacêutica japonesa movimenta 10 quatrilhões de ienes. Nós representamos de 5% a 6%. Esse tamanho de mercado não vai mudar, o governo do Japão não vai mudar suas compras. Por outro lado, outros países estão crescendo. Hoje, cerca de 60% das vendas da companhia são fora do Japão”, disse Sunao Manabe, CEO global da Daiichi Sankyo que, esteve no Brasil no mês passado, para visitar a operação local.
Manabe é egresso da Sankyo, onde começou sua carreira há 46 anos. Em 2006, as farmacêuticas japonesas Daiichi e Sankyo fizeram uma fusão e o executivo tornou-se CEO da companhia combinada em 2019.
No Brasil, a farma está investindo cerca de R$ 420 milhões para dobrar a capacidade de sua fábrica e o centro de logística a fim de atender ao mercado nacional e América Latina. Nessa unidade, localizada em Barueri (SP), há a produção da pomada Hirudoid, além de medicamentos para cardiologia, dor e neurologia.
“Temos dois pilares estratégicos, tanto os produtos oncológicos, de alto custo, quanto os produtos de atenção primária como para tratamento vascular, sistema nervoso central. Nós continuamos investindo nisso, não só no Brasil, como na América Latina e em outros países no mundo”, disse Marcelo Gonçalves, presidente da Daiichi Sankyo Brasil.
Em inovação, a Daiichi Sankyo tem em andamento pesquisas envolvendo drogas personalizadas para combate do câncer, conhecidas como ADC (anticorpo conjugado à droga). Atualmente, o carro-chefe da farma no mundo e Brasil já é um medicamento com essa tecnologia chamado Enhertu – que é uma evolução das primeiras drogas ADC. E o segundo mais vendido é um remédio para tratamento de hipertensão. Os medicamentos de alto custo hoje representam cerca de cerca 20% das vendas.
“As parcerias ajudam a ampliar o número de pesquisas e países” — Marcelo Gonçalves
Devido ao sucesso obtido com o Enhertu, a Daiichi Sankyo vem atraindo o interesse de outras farmacêutica para firmar parcerias em drogas com a tecnologia ADC. A mais recente delas foi firmada, no ano passado, com a Merck num contrato orçado em até US$ 22 bilhões. Esse é um dos maiores investimentos da indústria farmacêutica, no mundo.
“Investimos 30% da nossa receita em pesquisa e desenvolvimento [P&D]. No mercado, esse percentual oscila entre 10% e 20%”, disse o CEO global da Daiichi Sankyo. “As parcerias ajudam a ampliar o número de pesquisas e países. Aqui no Brasil, por exemplo, temos várias pesquisas sendo desenvolvidos em centros brasileiros”, afirmou Gonçalves.
O Enhertu que, inicialmente, destinava-se apenas ao câncer de mama teve seu uso aprovado, no ano passado, para outros tratamento oncológicos.
No Brasil, a venda desse medicamento na área pública é feita por algumas secretarias de saúde desde 2022, mas não ocorre de forma centralizada pelo Ministério da Saúde. Um dos planos futuros da farmacêutica é conseguir a aprovação do Enhertu na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) e, assim, ter cobertura em todo o Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, as vendas na rede pública representam 10% do faturamento da operação brasileira.
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