O novo medicamento mais caro do mundo desbancou o “reinado” do Zongensma, da Novartis, Disponível desde março deste ano nos Estados Unidos, o Lenmeldy chegou ao mercado custando a bagatela de US$ 4,25 milhões (23 milhões). Tornou-se, inclusive, o remédio com maior valor em toda a história da indústria farmacêutica.

A fabricante do medicamento pode ser considerada uma novata no setor. A Orchard Therapeutics iniciou atuação em Londres (Reino Unido) no ano de 2015, com foco em terapias genéticas e doenças raras. O laboratório mantém ainda uma base operacional em Boston (Estados Unidos). Em janeiro de 2024, o controle acionário da companhia passou para as mãos do grupo farmacêutico japonês Kyowa Kirin, em uma transação que movimentou US$ 477,6 milhões (2,59 bilhões).

Segundo informações da Exame, o remédio foi desenvolvido para o tratamento da leucodistrofia metacromática (MLD). Trata-se de um distúrbio genético mortal que afeta em torno de 40 crianças por ano nos Estados Unidos. O estágio mais grave da doença pode acarretar a perda de toda a função motora e levar os pacientes a um estado vegetativo, exigindo cuidados intensivos 24 horas por dia. A expectativa de vida média não ultrapassa cinco anos após os primeiros sintomas.

A aprovação do Lenmeldy no principal mercado farmacêutico do mundo representou uma espécie de porta de entrada para a internacionalização da marca. O aval da FDA para o medicamento tem respaldo em um estudo bem-sucedido envolvendo 37 pacientes, diagnosticados com a MLD em estágio precoce.

Os testes clínicos revelaram que 100% das crianças resistiram à doença ao completarem seis anos de idade. No grupo de controle, apenas 58% sobreviveram. Aos cinco anos, 71% podiam se locomover sem assistência e 85% mantiveram índices normais de cognição e linguagem. O fármaco insere uma versão modificada do gene que causa a MLD nas células-tronco sanguíneas, mediante infusão.

O que justifica a condição de medicamento mais caro do mundo? 

A alegação para o medicamento mais caro do mundo está associada à carência de tratamentos alternativos para leucodistrofia metacromática, conforme argumentações da própria farmacêutica. O laboratório ancorou-se em uma análise do Institute for Clinical and Economic Review, mas sobrevalorizou o preço. A organização norte-americana sem fins lucrativos avaliou que o custo efetivo do medicamento deveria girar em torno de US$ 2,3 milhões (R$ 12,9 milhões) a US$ 3,9 milhões (R$ 21,1 milhões).

Esta última cifra, inclusive, foi aplicada na Europa, onde o tratamento recebeu aprovação em 2020 com a marca Libmledy. No entanto, os sistemas de saúde público locais viabilizaram expressivos descontos. Na Alemanha, por exemplo, a redução chegou a 30%.

A estratégia da Orchard, aparentemente, está rendendo frutos. Até o terceiro trimestre do ano passado, o medicamento havia obtido faturamento US$ 12,7 milhões (R$ 68,9 milhões). Com a chegada aos Estados Unidos, a projeção é mais que dobrar esse resultado.

Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/novo-medicamento-mais-caro-do-mundo-custa/

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