Analistas de mercado apontam que o varejo voltado à alta renda deve seguir resiliente em 2023, enquanto o varejo em geral está mais exposto à deterioração do cenário macroeconômico

O mercado de cosméticos importados e de luxo no Brasil registrou alta de 30% nas vendas, em valor, em 2022, em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Associação Brasileira das Perfumarias Seletivas (ABPS). Analistas de mercado apontam que o varejo voltado à alta renda deve seguir resiliente em 2023, enquanto o varejo em geral está mais exposto à deterioração do cenário macroeconômico.

A diretora executiva da ABPS, Claudia Carvalho, afirma que as condições impostas pela pandemia de covid-19 impulsionaram as vendas da chamada perfumaria seletiva a partir de 2020. “As pessoas que estavam acostumadas a comprar no mercado externo não podiam viajar no auge da pandemia e viram vantagens de comprar perfumes no Brasil”, afirma. Os dados da associação consideram itens de perfumaria, maquiagem e cuidados com a pele comercializados em 29 varejistas associadas.

Além das restrições de deslocamento, os últimos anos no Brasil foram marcados pela forte desvalorização do real e pela escalada da inflação, o que também desanimou os brasileiros a comprarem esses itens no mercado internacional. “Hoje já não compensa tanto encher a mala de perfume em uma viagem”, observa.

De acordo com a presidente da ABPS, a indústria vem realizando lançamentos simultâneos globalmente, o que também incentiva os consumidores a adquirem os produtos no mercado nacional. O ajuste de cronograma incentivado pela ABPS é uma ação das marcas internacionais, que também vêm investindo em publicidade e redes sociais para impulsionar produtos considerados recordistas de vendas.

Marca de luxo Aesop

A população de maior renda, de acordo com analistas de mercado, deve seguir sustentando os resultados de varejistas voltadas a este público. No caso da Natura &Co, cujo portfólio inclui marcas para diferentes faixas de renda, a marca de luxo Aesop deve apresentar o melhor resultado, de acordo com projeções do Itaú BBA.

Os analistas estimam que a receita líquida da Aesop deve crescer 15%, somando pouco mais de R$ 1,03 bilhão — deve ser a maior taxa de expansão de receita do grupo. Já o Ebitda deve crescer 9%, para R$ 262 milhões, apesar da queda de 1,4 ponto percentual da margem Ebitda, para 25,4%.

The Body Shop

A The Body Shop, também do grupo Natura, deve ter queda de 35% na receita líquida, somando R$ 1,23 bilhão, enquanto o Ebitda ajustado está estimado em R$ 124 milhões, recuo de 70,6% no comparativo anual. A margem Ebitda está estimada em 10,1%, queda de 12,2 pontos percentuais.

O Citi destaca que a Aesop pode estar avaliada em mais de US$ 2 bilhões, considerando o interesse de marcas de luxo internacionais como LVMH, L’Oréal e Shiseido. A Natura &Co anunciou em outubro do ano passado que estudava uma eventual cisão da Aesop, com possibilidade de uma oferta inicial de ações, para destravar valor da marca.

De acordo com o Citi, a Aesop é o ativo da Natura &Co que tem maior lucratividade e maior velocidade de crescimento.

Classe C

AABPS afirma que a alta no faturamento não reflete apenas a mudança de hábitos de quem viaja para o exterior frequentemente. O pagamento de produtos como perfumes em parcelas a perder de vista também contribui para o resultado. Segundo Carvalho, essas operações permitiram o acesso do consumidor da classe C, que vê as marcas internacionais como um sonho de consumo. “Para a classe C, o perfume é um item aspiracional para iniciar as compras de grandes marcas internacionais . Há um mercado gigantesco no Brasil para essa classe C e também para parte da classe B”, afirma Carvalho.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/02/12/vendas-de-cosmeticos-de-luxo-crescem-30percent-em-2022.ghtml

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