A sede da gigante de cosméticos brasileira Natura em Cajamar está localizada em uma encosta, cercada de muito verde. Para os visitantes, não parece uma fábrica, mas um grande parque. Este conceito de design de harmonia entre o homem e a natureza é devido à antiga paixão do fundador da empresa pela filosofia oriental.
“E um crédito de influência profundamente oriental, tudo aquilo que nos trouxe a construção do sonho. Vocês vão sentir profundamente a presença do pensamento clássico do mestre Confúcio. Isso nos fez acreditar, a partir dali, nesta integração nesta inter-relação entre todas as coisas, e nos induziu para adotar o pensamento sistêmico, o sentimento sistêmico como fundamento da existência”, explicou Antônio Luiz Seabra, fundador da Natura, numa recente entrevisa à Xinhua.
A Natura foi criada em 1969 após Antônio Luiz Seabra abrir uma loja e uma pequena fábrica em São Paulo. Hoje a multinacional está presente não somente na América latina, mas também na França e nos Estados Unidos, além de outros 63 países indiretamente.
Em maio de 2019, a empresa anunciou a compra da concorrente norte-americana Avon, e criou o quarto maior grupo de beleza do mundo, avaliado em US $11 bilhões de dólares, além de se tornar uma das maiores empresas de vendas diretas do mundo.
“Mais importante que se tornar um líder mundial, é conseguir transformar em coletivo um sonho que começa individual. O que é um sonho? O sonho pode ser um elemento transformador da realidade. E a realidade é uma construção coletiva. Se nós acreditarmos que a realidade é uma construção coletiva, e que o sonho pode transformá-la, o que é importante é que os sonhos atendam o coletivo”, disse o fundador da Natura.
O novo sonho de Luiz Seabra e do seu time é levar os produtos cosméticos da Natura de origem amazônica para a China, um mercado de suma importância para o mundo. Desde 2009, a China é a maior parceira comercial do Brasil. Mesmo durante o tempo de pandemia, as trocas comerciais não pararam de crescer.
Segundo Roberto Marquês, CEO da Natura, “a gente também vislumbra essa possibilidade na própria indústria de beleza. De ingredientes de biodiversidade a China tem muita tecnologia, de coisas que podem aportar, e acho que ao mesmo tempo essa troca com o Brasil, nessa cooperação pode ser muito importante.”
O mercado chinês apresenta uma nova possibilidade de expansão, não apenas comercial, mas na linha de produtos criados a partir da biodiversidade local. Há mais de 20 anos, a Natura usa muitos ingredientes provenientes da floresta amazônica na linha de produção de seus cosméticos. Em 2011, a empresa lançou um projeto de cooperação com 5.600 famílias da floresta amazônica para estimular o desenvolvimento dos recursos vegetais da Amazônia de forma sustentável.
A recente linha Ekos por exemplo, que surgiu desse modelo de negócios sustentável da Natura em parceria com as comunidades da Amazônia, se tornou um grande sucesso no mercado mundial de cosméticos.
“Obviamente é o mercado de maior crescimento de produtos de beleza no mundo, já é o segundo maior mercado de beleza. A gente acha que tem muito que aprender na China. Não temos pretensões de termos todas as respostas de como realmente vamos ter sucesso na China. Vamos precisar de muito apoio, inteligência, e conhecimento dos nossos times. A gente tem reforçado os times locais na China para que a gente possa realmente oferecer o nosso portfólio, conectar melhor com o consumidor e com a cultura da China”, afirmou o CEO da Natura.
Com a compra de marcas como Avon, the Body Shop e outras, a multinacional brasileira abriu a porta de entrada para o mercado chinês. A Natura já está com o projeto de usar a sua própria marca para levar os produtos de origem amazônica para consumidores chineses
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