De tempos em tempos, todos os tipos de negócio têm de passar por alguma renovação para manter a trajetória de crescimento ou fazer frente a desafios e crises. No caso da indústria farmacêutica, que experimentou taxas de crescimento de dois dígitos no Brasil na última década, é chegada a hora de se adaptar a um novo ritmo de evolução do mercado doméstico de medicamentos e buscar uma nova orientação para as vendas, mostra um estudo recente da McKinsey & Company.
Conforme o documento, o mercado nacional de fármacos seguirá até o fim da década com taxas positivas, porém inferiores às que foram verificadas nos últimos anos. Depois de crescer 14,9% ao ano entre 2005 e 2013, o mercado farmacêutico nacional deverá avançar a taxas de 7% a 10% ao ano até 2020, quando atingirá R$ 107 bilhões em vendas anuais. Diante dessa desaceleração, os laboratórios deverão mirar regiões e segmentos menos tradicionais, o que modificará os canais utilizados hoje pela indústria.
“Haverá mudanças importantes, mas os fatores ainda são favoráveis: a consolidação da classe média, que vê valor em saúde, a evolução da cobertura por planos e o fato de a saúde seguir como prioridade nacional”, diz Paula Ramos, uma das co-autoras do estudo da McKinsey. Por outro lado, o atual cenário macroeconômico afeta negativamente todos os mercados, especialmente a liberação de recursos públicos. “As empresas terão maior dificuldade de acessar essas vendas”, afirma.
Conforme a McKinsey, as vendas no varejo devem acompanhar a trajetória do mercado farmacêutico, com expansão de 8% a 10% ao ano nos próximos cinco anos, atingindo R$ 75 bilhões no fim da década. Já os negócios na área institucional pública devem mostrar desaceleração importante, de 16,6% ao ano entre 2005 e 2013 para algo entre 6% e 8% ao ano até 2020. Ao mesmo tempo, segmento institucional privado, formado por hospitais e planos de saúde, deve mostrar taxa de expansão de 7% a 9% ao ano, para R$ 8 bilhões em 2020, frente a crescimento médio anual de 15% desde 2005.
“O principal tema é que a indústria tem de ser mais granular, investir mais em segmentação”, diz Paula. Regiões e segmentos menos tradicionais e a utilização de canais mais remotos para alcançar o consumidor devem entrar no planejamento dos laboratórios, segundo a especialista. “Se antes a indústria olhava para as compras do governo federal, agora terá de olhar mais para as secretarias de saúde”, exemplifica.
Os mercados do Sudeste seguirão como importante praça de negócios para a indústria farmacêutica, em termos de volume, mas, cada vez mais, os laboratórios terão de desenvolver modelos economicamente viáveis para chegar a outros mercados. Municípios com população entre 20 mil e 500 mil habitantes, conforme a consultoria, devem proporcionar as maiores taxas de crescimento nos próximos anos.
De acordo com Tracy Francis, também co-autora do estudo, a nova fase da indústria farmacêutica deve ser marcada por negócios mais enxutos. Segundo ela, o Brasil tende a apresentar produtividade baixa em relação a outros países emergentes e o “novo” modelo de negócios deve contemplar esse gargalo. “Será preciso buscar novos meios de chegar aos médicos, com o reforço, por exemplo, de representantes que tenham formação em medicina”, afirma Tracy.
Fonte: http://sindusfarma.org.br/cadastro/index.php/site/ap_imprensas/imprensa/655
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