A biotecnologia está se tornando uma ferramenta cada vez mais importante no kit dos químicos cosméticos. Segundo especialistas da indústria, essa tecnologia oferece uma série de benefícios.
Durante a Makeup in New York, uma sessão patrocinada pelo New York Chapter da Society of Cosmetic Chemists, Akshay Talati, VP de desenvolvimento de produtos e inovação da Goop, moderou uma discussão com um painel de inovadores de startups e multinacionais.
Jasmina Aganovic, fundadora e CEO da Arcaea, comparou a biotecnologia a “uma fábrica viva”, destacando que, ao contrário dos processos tradicionais que dependem de equipamentos, a biotecnologia utiliza células vivas para recriar ingredientes, tornando o processo menos restritivo e mais sustentável. “Podemos fazer coisas que a química tradicional não consegue”, afirmou Aganovic.
Peter Tsolis, VP de pesquisa e desenvolvimento da Estée Lauder Cos., concordou, dizendo que as manipulações permitidas pela biotecnologia são essenciais para desenvolver produtos seguros e eficazes. Ele destacou que o crescente interesse do consumidor em pureza, sustentabilidade e rastreabilidade está impulsionando a popularidade da biotecnologia.
Alison Cutlan, VP de inovação científica do The Rootist, afirmou que a biotecnologia é uma ferramenta mais segura, eficaz e sustentável, e que a humanidade interage com micróbios há séculos. Talati, por sua vez, ressaltou que a indústria da beleza começou a explorar a biotecnologia décadas atrás, mas o interesse pelo processo está em ascensão.
A conectividade com os consumidores é essencial para o sucesso da biotecnologia, concordaram os painelistas. Aganovic, que lançou a Mother Dirt e a Arcaea, explicou que a inovação deve ser traduzida de maneira que os consumidores possam entender e se conectar emocionalmente. A biotecnologia facilita essa conexão, como no caso da fragrância criada pela Arcaea a partir de flores extintas, uma inovação impossível sem essa tecnologia.
A biotecnologia, além de criar produtos mais eficazes, também promove fórmulas multifuncionais. Segundo Cutlan, as fórmulas baseadas em biotecnologia não são carregadas de ingredientes, mas sim de sinergias. Ela também destacou que essas fórmulas são mais estáveis e melhores para a pele.
Apesar dos benefícios, as fórmulas biotecnológicas enfrentam desafios, como a sensibilidade ao pH, cor e luz. Aganovic contou que, ao desenvolver um protetor solar baseado em materiais derivados de peixes, sua equipe reformulou a fórmula para combinar com o pH da água do oceano, o que exemplifica o nível de inovação alcançado com a biotecnologia.
Talati finalizou perguntando se a biotecnologia veio para ficar. Peter Tsolis está confiante de que sim, desde que os produtos sejam eficazes. Aganovic e Cutlan concordam que o futuro da biotecnologia é promissor, com potencial para revolucionar áreas como conservantes, corantes e embalagens.
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