Assim como todos os outros setores da economia, a indústria brasileira também passa por um momento de intensas transformações, ao se ajustar ao “novo normal” decorrente da crise causada pela pandemia do Covid-19. Há, inclusive quem diga, que momentos como esses vão acelerar a Quarta Revolução Industrial, que já nos rondava há anos, e agora, deve ganhar ainda mais fôlego. Com isso, a automação será uma aliada de peso neste período de transição.
No Brasil, a diminuição dos serviços, com a quarentena e o isolamento social, levou a uma queda brusca na produção industrial como um todo. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal da Produção Física divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abril foi o pior mês para a manufatura desde 2002, com uma diminuição de quase 19% em relação a março, que já tinha sido ruim.
Apesar de tudo, alguns segmentos têm respirado e mantido a produção crescente mesmo durante a pandemia e, ao meu ver, são essas áreas que vão ajudar a economia brasileira a progredir daqui para frente, podendo ainda lucrar com a automatização. Segundo o relatório do IBGE, apenas quatro mercados tiveram boa performance dentre os 26 analisados: Indústria Farmacêutica (6,6%), Indústria Alimentícia (3,3%) e a Indústria de perfumaria, cosméticos, limpeza e saúde (1,3%).
Avaliando esse cenário, entendo que o desafio que fica é: como ajudar esses players? Como contribuir para o seu crescimento e ao mesmo tempo garantir a segurança da mão de obra? E a minha resposta é: com a utilização de técnicas de automação que realmente sejam eficientes e tenham sinergia com a necessidade de cada empresa.
Apesar de não podermos mais considerar estudos e previsões sobre o mercado de cobots de antes da pandemia, já que tudo está mudando muito rápido, já há uma pesquisa, realizada pela Research & Markets, que aponta um aquecimento no setor de manufatura inteligente – que abriga além de braços robóticos, impressoras 3D, inteligência artificial e outros tipos de automação, e mostra que esse mercado passará a valer mais de 181 bilhões de dólares até 2020 e mais de 220 bilhões até 2025, o que configura um crescimento de, ao menos, 4%.
A alta procura se justifica porque a automatização tradicional é cara e pouco flexível e as vezes demora-se muito tempo para ser implementada. Além disso, é um sistema que demanda que as fábricas interrompam as suas produções para instalação ou manutenção, o que pode significar muitos prejuízos para a companhia, além de não permitir a integração com os seres humanos.
Por outro lado, os cobots são sistemas altamente personalizáveis, fáceis de implantar, com menor custo e ideais para serem instalados lado a lado com os colaboradores, além de serem muito seguros. Ao mesmo tempo, são materiais que podem ser adaptados de acordo com as necessidades e aplicações de cada indústria.
Outra questão que torna os cobots essenciais em meio a pandemia, é que, além dos benefícios já mencionados aqui, robôs colaborativos são ótimos aliados para a manutenção do distanciamento social tão importante para o combate ao Covid-19. Com essas máquinas, é possível dividir melhor a quantidade de funcionários em cada turno, e ainda assim, manter a produtividade intacta.
Por todos esses motivos, acredito que o investimento em robôs colaborativos pode ser um caminho estratégico no crescimento industrial, principalmente nos segmentos de alimentação, cosmético, saúde e farmácia, que são mais promissores atualmente, sem que seja necessário grandes investimentos e sem que seja necessário interromper a produção. Os cobots vão nos ajudar a rumar para o futuro! Vamos com eles?
*Denis Pineda é gerente regional da Universal Robots na América Latina, empresa dinamarquesa líder na produção de braços robóticos industriais colaborativos
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