O atraso na chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), que causa a demora no início da produção da vacina contra a Covid-19 na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é reflexo de um problema estrutural da indústria brasileira, disse à CNN o ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Ivo Bucaresky.
De acordo com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a empresa Astrazeneca, que desenvolve o imunizante em conjunto com a Universidade de Oxford, tem a responsabilidade de trazer o IFA da China.
De acordo com relatório da Anvisa, publicado em outubro de 2020, 95% dos insumos usados para produção de remédios no Brasil vêm do exterior. A maior parte vem da Índia (37%), que trava a liberação de doses da vacina de Oxford compradas pela Fiocruz, e da China (35%), que produz a matéria-prima das duas vacinas aprovadas neste domingo (17).
“Quando estava na Anvisa (2013-2016), previ que isso poderia acontecer, por uma guerra, uma crise diplomática. Veio a pandemia e a questão se impôs. Temos um problema estrutural, porque produzimos muito pouco dos insumos que a indústria farmacêutica usa no Brasil”, afirmou Bucaresky.
A Fiocruz esperava para dezembro de 2020 a chegada do IFA para começar a produzir doses da vacina de Oxford no Brasil. Depois, adiou a expectativa para janeiro deste ano – e agora não há data para chegada do ingrediente no Brasil. A CNN apurou que a responsabilidade por intermediar essa exportação é da empresa Astrazeneca. A reportagem entrou em contato com a companhia, que ainda não retornou.
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