Muito conhecidos na aromaterapia, eles ganham força no universo da beleza com produtos de ação hidratante, antioxidante e calmante

Nos últimos anos, os óleos essenciais tiveram projeção e viraram queridinhos principalmente por suas propriedades na aromaterapia. Uma pesquisa de 2015 da Universidade de Minnesota mostrou que o perfume da lavanda, por exemplo, tem o poder de melhorar a qualidade do sono. Segundo a plataforma Fortune Business Insights, o mercado global de óleos essenciais deve alcançar US$ 18,25 bilhões em 2028, com taxa de crescimento anual composta de quase 10% nesse período.

De olho na tendência, a indústria da beleza vem investindo em cosméticos com essas matérias-primas, ricas em substâncias como flavonoides, antioxidantes, antiglicantes, cicatrizantes e anti-inflamatórios.

“Há aqueles utilizados para a redução de estresse e ansiedade. Há outros que ajudam o sistema respiratório por meio do relaxamento da musculatura brônquica, e opções bastante empregadas para o tratamento de condições dermatológicas”, explica a doutora Cláudia Marçal, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Na seara da beleza, os óleos aparecem diluídos em produtos como cremes, xampus e sabonetes, mas também puros. Neste último caso, vale atenção. A médica Cristina Weber, do departamento científico de dermatite de contato da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), recomenda evitar a aplicação de soluções puras diretamente sobre a pele. Há exceções, caso do óleo de rosa-mosqueta, mais suave, de propriedades cicatrizantes e uniformizadoras de manchas.

“Por serem altamente concentrados, alguns óleos trazem riscos de irritação e alergia. Deve-se ter cuidado extremo com cítricos como laranja, bergamota e limão, principalmente em associação com a exposição ao sol”, observa Cristina. “Lavanda, melaleuca, ilangue-ilangue, limoneno e linalol são sensibilizantes de contato reconhecidos, assim como canela, cravo, orégano, hortelã e jasmim. Ou seja, indivíduos predispostos podem desenvolver dermatite de contato.”

Em termos técnicos, os óleos essenciais são “produto da destilação de uma planta, a seco ou com vapor d’água. No caso de cítricos, eles são obtidos pela prensagem a frio do fruto”, resume Humberto Rizzo, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Laboratório de Óleos Essenciais da Embrapa.

Apesar de o processo vir de uma tradição milenar, com o desenvolvimento da tecnologia, a extração hoje está padronizada e controlada por órgãos específicos. “Ao contrário do que ocorre com os extratos vegetais, os óleos essenciais são obtidos sem o uso de solventes ou aditivos”, explica Rizzo.

Trata-se de um composto de grande pureza, extremamente concentrado. Em média, é necessário processar 1 tonelada de plantas para obter 1 litro de óleo (em alguns casos, menos ainda), e apenas uma gota costuma equivaler a 24 xícaras de chá da planta.

“A maioria das substâncias dos óleos essenciais consegue ser absorvida pela pele e, dependendo da concentração, se mostra capaz de atingir até a corrente sanguínea”, explica Rizzo. “Ainda assim, todo efeito fisiológico depende diretamente da dose utilizada.”

Além dos lançamentos de marcas do universo dos cosméticos, as empresas com tradição no mercado da aromaterapia também ganham terreno na beleza em fórmulas pensadas especialmente para esse fim, a exemplo da norte-americana doTerra. Entre as maiores no segmento, lançou artigos como condicionador, esfoliante e creme para as mãos.

“Percebemos um crescimento na procura por produtos isentos de carga tóxica, sem químicos sintéticos, que é o caso dos óleos essenciais”, pontua Fernanda Campioni, gerente de marketing da empresa no Brasil.

Está em busca de ideias sobre qual o melhor óleo para cada condição? A dermatologista Cláudia Marçal dá pistas. Na questão de calmantes, aposte em tília, camomila e lírio-branco. Para nutrição, vá de babaçu e karité. Para hidratação, gergelim, peônia e alteia.

Se procura uma ação purificante, escolha melaleuca e benjoim. A calêndula é anti-inflamatória, enquanto o ginseng, antifadiga. A macadâmia ajuda na regeneração da pele, já o hamamélis e a íris tonificam, e a rosa renova. Para reduzir inchaços, arnica. Por fim, para uma tez mais viçosa, opte pelo lúpulo.

Entretanto, sempre conte com acompanhamento médico e, se for iniciante, prefira as fórmulas já prontas de fornecedores confiáveis à ideia de se aventurar nas misturas em sua casa. “Recomendo sempre conhecer ao máximo a origem de cada óleo e consultar um profissional, que ajudará a compreender melhor os benefícios e cuidados de cada um deles”, explica a aromaterapeuta Ana Paula Sorrentino, sócia da Escola de Aromaterapia Viva Mais e doutoranda em Medicina Integrativa.

A qualidade e a proveniência dos óleos também são importantes para o sucesso das técnicas, pois sua composição exata depende de um processo complexo influenciado por variáveis como o local de plantio e o modo de extração. “Óleo essencial funciona, é milenar, mas precisa ser de boa qualidade”, finaliza Ana Paula.

Fonte: https://cosmeticinnovation.com.br/os-oleos-essenciais-invadem-o-mercado-de-cosmeticos/

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