O setor de distribuição farmacêutica anuncia um crescimento de 12,6% em 2020 e amplia em um ponto percentual sua participação na venda total de medicamentos – hoje na casa de 65%. Os dados são da IQVIA. Em entrevista exclusiva ao Panorama Farmacêutico, o presidente da Abradilan, Vinícius Andrade, analisa os desafios do segmento frente à pandemia e destaca o crescente vínculo com o varejo farma regional.

1. Como você define o desempenho do setor de distribuição frente à pandemia?

O segmento mostrou-se muito resiliente. No caso das distribuidoras associadas à Abradilan, a expansão foi maior do que a média geral do mercado – 17%. Isso mostra que os distribuidores regionais estão muito bem posicionados e acompanhando a velocidade de adaptação exigida pelo canal farma, que vem convivendo com alterações substanciais no mix e no perfil de seus consumidores.

2. A maior evidência do varejo de vizinhança, em razão das regras de isolamento social, colaborou para esse resultado?

Os distribuidores têm como um dos seus principais diferenciais a atuação abrangente nos PDVs farmacêuticos brasileiros. Porém, em se tratando de relevância, os independentes, associativistas e franquias possuem uma importância maior dentro dos nossos negócios. O crescimento dessa fatia de mercado foi essencial para sustentar nossa evolução.

3. Quais foram as principais mudanças no perfil das vendas?

Os produtos ligados à imunidade ganharam importância, enquanto medicamentos de uso agudo como antibióticos, antitussígenos e antigripais tiveram uma forte queda. No que diz respeito às regiões, algumas tiveram crescimentos maiores muito puxados pelos produtos relacionados à prevenção e tratamento da Covid-19. Destacaram-se as regiões Norte e Nordeste, com crescimentos acima da média do mercado brasileiro.

4. Que inovações ganharam espaço no setor?

A necessidade fez o setor investir e dar mais robustez ao seus canais de delivery e e-commerce. Porém, o processo de transformação digital é muito mais amplo do que apenas vendas digitais. Nesse sentido, muitas outras iniciativas voltadas para a experiência do cliente, processos, CRM, entre outras, estão sendo desenvolvidas pelas empresas farmacêuticas focadas na melhoria dos seus resultados.

6. De que maneira as distribuidoras reforçaram seus elos com os médios e pequenos varejistas nesse período?

Assim que estourou a pandemia no Brasil, não sabíamos o que iríamos enfrentar. E, para que o distribuidor, varejo e indústria, pudessem superar os desafios que viriam, foi preciso dar as mãos e atuar em conjunto. Dessa forma, os distribuidores tiveram uma atuação primordial, ajudando o varejo com informações de mercado, mudanças de mix e, principalmente, garantindo um bom abastecimento e competitividade. Acredito que esse movimento trouxe muita proximidade e confiança na relação distribuidor x varejo.

7. Quais as perspectivas para esse ano de 2021?

O primeiro semestre será mais desafiador devido à dificuldade econômica que o país enfrentará. No entanto, com planejamento bem delineado e ações coordenadas entre os segmentos da cadeia, podemos manter nossas margens de crescimento.

8. O que a Abradilan projeta de ações institucionais para aprimorar a gestão do setor?

Apesar da impossibilidade de realizarmos eventos presenciais, estamos mantendo todos as nossas ações de capacitação do setor. Eventos como o Fórum de Desenvolvimento Empresarial e a Conferência de Líderes estão mantidos. Caso não tenhamos como realizá-los presencialmente no segundo semestre, faremos encontros virtuais.

9. As vacinas da Covid-19 representam um nicho potencial para o setor?

Este é um tema que está sendo conduzido pelo Ministério da Saúde e inicialmente tem previsão de distribuição apenas no canal público. Estamos acompanhando os desdobramentos deste assunto para, caso haja oportunidade para o mercado privado, atuarmos em favor dos nossos associados.

Fonte: https://www.febrafar.com.br/setor-de-distribuicao-crescimento-dois-digitos/

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