Participantes da Conferência Brasil Verde, realizada pelo ‘Estadão’, afirmaram que consumidores mais jovens exigem das marcas maior consciência ambiental, o que obriga o setor a se movimentar
A embalagem de cosméticos é um dos grandes desafios da indústria da beleza, de forma a garantir que os materiais, que são recicláveis, possam de fato ser reciclados. A dificuldade tem sido conseguir ter uma logística reversa que permita que essas embalagens cheguem, após o consumo do produto, de volta aos fabricantes, para que o mesmo material possa ser transformado em uma nova embalagem.
Esse desafio é uma realidade das marcas que nasceram com foco na sustentabilidade, o que inclui o uso de matérias-primas naturais e orgânicas e sem afetar a natureza, deixando produtos químicos de fora do processo produtivo, por exemplo. O assunto foi abordado nesta quinta-feira, 26, em painel sobre a cadeia da beleza, durante a Conferência Brasil Verde, evento realizado pelo Estadão.
“Temos que sempre estar atentos ao pós-consumo. O consumidor, quando leva para casa um produto, precisa pensar no que vai acontecer quando o mesmo acabar”, disse a fundadora e CEO da Simple Organic Beauty, Patrícia Lima.
Segundo ela, essa logística reversa, que ocorre quando o cliente leva de volta as embalagens à loja, trata-se de um grande desafio – no caso da marca, até 30% das embalagens chegam de volta após o uso do produto. A educação é um ponto chave nesse ponto, diz. De acordo com a executiva, a empresa já abriu mão da estética da embalagem por conta do possível impacto ambiental.
A diretora regional da Weleda da América Latina e CEO Brasil, Maria Claudia Villaboim Pontes, aponta que a questão econômica é mais um desafio em relação às embalagens, já que aquelas feitas de materiais que são mais reciclados, como o alumínio, são mais caras, o que pode ser difícil de justificar ao consumidor. O uso do plástico nas embalagens, por exemplo, torna a embalagem muito mais barata. Segundo ela, outro aspecto dessa economia circular é buscar otimizar a utilização das sobras em todo o processo fabril.
Patrícia Lima aponta que a geração Z, que é aquela nascida entre a segunda metade da década de 1990 até o início do ano 2010, exige das marcas maior consciência ambiental, o que tem obrigado a indústria da beleza e também da moda a se movimentarem.
Maria Claudia, da Weleda, aponta que outro aspecto que tem relação com a educação do consumidor é o hábito de ler as embalagens dos produtos – algo que vai além dos cosméticos e deve ser replicada na indústria alimentícia. Existe uma confusão do consumidor, por exemplo, de que todos os produtos veganos são orgânicos e naturais, o que não é verdade, frisa.
Na indústria da moda, as empresas começam a se movimentar. Na Renner, por exemplo, a rastreabilidade da cadeia, para se saber com exatidão a origem da matéria-prima. “O monitoramento precisa ser feito de forma aprofundada”, afirma o gerente-geral de sustentabilidade da varejista, Eduardo Ferlauto. E para que a sustentabilidade seja de fato uma prioridade da empresa é preciso que exista engajamento de toda a corporação, com metas e compromissos bem definidos.
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