Quem passa pelo número 43 da rua dos Andradas, no centro do Rio de Janeiro, tem a sensação de voltar no tempo, ao ano de 1892, quando José Magalhães Pacheco abriu uma pequena botica, que mais tarde ganharia o mercado como Drogaria Pacheco. A primeira farmácia da rede – que hoje integra o grupo DPSP, assim como a Drogaria São Paulo -, foi restaurada em 2019, da fachada ao mobiliário, preservando suas características originais. “A loja é o símbolo da relação que mantemos com nossos clientes ao longo de mais de cem anos, pautada na humanização do atendimento sem perder, porém, o foco na inovação”, diz Marcelo Doll, presidente do grupo DPSP.
Com 1.350 lojas físicas, das quais 580 com a bandeira Pacheco, o DPSP iniciou a transformação digital em 2019, com a criação do aplicativo Viva Saúde, que soma 3 milhões de downloads. No mesmo ano, intensificou o e-commerce e firmou parceria com o Rappi para entregas mais distantes. “Hoje os canais digitais, que incluem app, e-commerce e delivery, já respondem por 5% das vendas”, declara Doll. Em 2020, o faturamento do grupo DPSP foi de R$ 11 bilhões, 10% acima de 2019.
A pandemia acelerou a expansão das vendas on-line em todos os segmentos e a tendência é que continuem em alta. Segundo a eBit-Nielsen, as transações via comércio eletrônico deverão crescer 26% em 2021, alcançando um faturamento de R$ 110 bilhões.
Se depender da rede de drogarias Araújo o percentual de crescimento será três vezes maior. Ao investir fortemente em tecnologia, diversificar seus canais de venda e o próprio modelo de negócio, a rede, com mais de 300 lojas, todas no Estado de Minas Gerais, estima um crescimento de 77,14% nas vendas on-line este ano.
O e-commerce é a porta de entrada para a expansão da Drogaria Araújo em outros Estados. Fundada em 1906, em Belo Horizonte, como Pharmacia Mineira, a Araújo atende cerca de 45 milhões de clientes por ano e tem no pilar conveniência um dos seus grandes diferenciais. “A tecnologia nos ajudou a ampliar o raio de atuação, seja com a oferta de uma prateleira infinita de itens, seja na entrega de produtos em qualquer região do país”, afirma André Giffoni, diretor de estratégia digital. “Em 1963 fomos pioneiros no setor ao implantar o serviço de telemarketing e décadas depois puxamos a fila da transformação digital.”
A Araújo foi a primeira empresa do ramo a aderir às vendas via marketplace e a implantar o sistema de clique e retire – comprar on-line e retirar na loja física -, em 100% de suas unidades. “Rodamos o mundo em busca de inovação para melhor atender às demandas do consumidor”, diz Giffoni. Desde o fim de 2020, a rede colocou em teste 12 cofres de retirada de produtos em Belo Horizonte e Juiz de Fora.
Para Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, a combinação de uma gestão moderna com a preservação de valores sólidos é ao mesmo tempo um desafio e um dos segredos das companhias centenárias. “Eu sempre digo que uma empresa de cultura forte tem capacidade de acelerar a transformação digital, desde que não transforme essa cultura em âncora”, afirma. “Se a cultura virar um paradigma inquestionável, porém, o resultado será o oposto, dificilmente sairá do lugar”, diz.
Com 113 anos de mercado, a Lojas Pernambucanas sabe o que isso significa. Por anos ficou estagnada em razão de problemas sucessórios, assistiu passivamente ao crescimento da concorrência e às mudanças provocadas pela tecnologia. A virada veio em 2016, quando a direção se deu conta de que sem digitalização estaria fadada ao fracasso.
“Começamos pela expansão do crédito com a criação de uma fintech própria, a Pefisa, implantamos um Lab Digital, equipamos as lojas com tecnologia, além de criar um aplicativo de relacionamento multifuncional”, afirma o CEO Sergio Barriello. “Evoluímos muito. Criamos a nossa própria conta digital, com mais de 250 mil usuários, emitimos mais de 2 milhões de cartões Pernambucanas Elo no processo digital em apenas sete minutos e concedemos crédito 100% on-line”. As iniciativas ‘figital’ – que misturam os universos físico e digital – compostas por clique e retire, aplicativo, venda por tablets com os vendedores nas lojas, transações feitas pelo Whatsapp e site já respondem por 18% das vendas, de acordo com o executivo.
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