O famoso ímã de geladeira com o telefone da farmácia vem dando lugar aos aplicativos e sites. Sem a necessidade de falar com um atendente e com mais descontos oferecidos, os apps para delivery de medicamentos têm caído no gosto popular: na comparação entre janeiro e outubro de 2019 e de 2020, a compra de remédios por e-commerce cresceu 120,75% em faturamento, segundo dados da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

Apesar disso, o total de vendas on-line nas drogarias brasileiras ainda representa um percentual muito baixo em relação a outros países. De acordo com o presidente da Abrafarma, Sérgio Mena, enquanto nos Estados Unidos esse percentual é de 13% do total de itens comercializados, no Brasil é de apenas 2,83%.

— A maioria dos consumidores de farmácias são mulheres. No Brasil, essas clientes têm o hábito de frequentar as lojas para comparar produtos, ler rótulos e, por isso, a penetração digital ainda é baixa. Mas, a pandemia trouxe o medo de sair de casa e favoreceu o crescimento das vendas por delivery. Acredito que as pessoas vão se acostumar com essa comodidade e vão continuar optando pelas compras virtuais — diz Mena.

A economista Luísa Leite, de 30 anos, confessa que só começou a fazer compras com frequência nas farmácias por aplicativo após o início da quarentena, por medo de contaminar os pais idosos, de 66 e 78 anos, com quem mora:

— Antes, eu só comprava por aplicativo itens como absorventes ou antialérgicos em caso de emergência ou quando estava sem tempo. Eu preferia ir à farmácia para economizar a taxa de entrega. Agora, estou evitando sair ao máximo. Por isso, só peço por delivery, mesmo pagando a tarifa de R$ 7. Por mês, com os produtos, eu gasto cerca de R$ 100.

Já cientista de dados, Iuri Paula de Miranda, de 33 anos, conta que já usava aplicativos para comprar medicamentos de uso contínuo desde antes da pandemia:

— Normalmente, eu gasto uns R$ 200 por mês nas farmácias, com medicamentos de uso contínuo e itens de higiene pessoal. Muitas vezes, o preço do aplicativo é diferente do da loja. Por isso, costumo comprar no app e retirar na loja depois.

Pandemia alavancou vendas em apps próprios

A Droga Raia registrou este ano um grande crescimento nas vendas online, não apenas de medicamentos mas de todo o portfólio de produtos para saúde e bem estar. No terceiro trimestre de 2020, a penetração dos canais digitais atingiu 7,1% do total de vendas da rede em todo país. No ano passado, esse percentual era de somente 2,5%. Além do aplicativo próprio, lançado em 2018, os clientes ainda podem fazer compras através do app de delivery Rappi. Também há a opção Compre & Retire, na qual é possível fazer a compra digital e retirar na loja física, o que pode ser vantajoso para quem busca economizar já que o cadastro no programa de fidelidade garante desconto nos produtos mais comprados, com base no perfil de cada consumidor.

Em julho do ano passado, a Venâncio também lançou seu aplicativo próprio e, desde então, tem visto as compras por esse canal crescerem mais e mais. Em geral, os mesmos preços são praticados em todos os meios. Mas, em algumas ocasiões, há ações diferenciadas nos canais de vendas, como as campanhas oferecendo códigos de descontos e frete grátis no e-commerce ou em compras feitas pelo QR Code encontrado nos encartes e lâminas promocionais.

— Com a pandemia, inevitavelmente, as pessoas recorreram mais aos canais on-line para realizarem as suas compras. A liberação do receituário digital foi um grande facilitador para que os clientes não abandonassem seus tratamentos, principalmente os portadores de doenças crônicas — afirma Armando Ahmed, presidente da Drogaria Venâncio.

Além dos próprios apps das redes, o Farmazon, serviço que direciona os pedidos para farmácias parceiras mais próximas por meio de geolocalização, também viu sua base de usuários triplicar este ano. Lançado em 2019, garante entregas em menos de 30 minutos, até mesmo de medicamentos controlados.

— O objetivo não ser uma vitrine de produtos e sim uma solução completa e eficiente para lojas e consumidores dessa era digital — comenta Cassiano Scarambone, sócio da Farmazon e CEO da Take4Content.

Descontos maiores no digital

Os clientes da Drogaria Pacheco têm acesso a ofertas exclusivas através do aplicativo Meu Viva Saúde, que variam de acordo com plano de saúde, convênios com parceiros, Programa de Benefícios em Medicamentos ou programa de relacionamento das Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo. Para consultar os preços, é possível buscar os produtos pelo leitor de código de barras ou digitando o nome.

Neste ano, o e-commerce da rede triplicou de tamanho, com o dobro de ofertas ativadas por aplicativo, em comparação a 2019.

— Para se ter uma ideia, desenvolvemos e implementamos ainda em abril a plataforma de prescrição eletrônica habilitada em todas as nossas lojas e, até o momento, mais de 30 mil receitas foram dispensadas pelo método eletrônico — conta Adriano Tavolassi, gerente executivo de Digital e Omnichannel do Grupo DPSP.

Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/12/22/vendas-on-line-nas-farmacias-cresceram-12075-em-faturamento-no-ano-de-2020/

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