A Leader é formada por uma rede de 90 lojas, das quais cinco filiais são na Bahia, quatro em Salvador e uma em Feira de Santana

Lojas Leader: segundo o BTG Pactual Participation, os fundadores da rede da rede de lojas Seller apresentaram pedido judicial de falência da Lojas Leader
Lojas Leader: segundo o BTG Pactual Participation, os fundadores da rede da rede de lojas Seller apresentaram pedido judicial de falência da Lojas Leader

Um mês após seu pedido de falência, feito pelo próprio grupo controlador, o destino das lojas Leader segue incerto. Cerca de 200 trabalhadores na Bahia não sabem o que os aguarda no futuro.

A solicitação foi feita pela família Furlan, dona da rede de lojas paulista Seller, comprada pela Leader em 2013, que reclama pagamento atrasado de R$ 9 milhões na Justiça, mas, segundo fontes do mercado, a rede estaria mergulhada em dívidas, que já somam cerca de R$ 1 bilhão A Leader é formada por uma rede de 90 lojas, das quais cinco filiais na Bahia, quatro em Salvador e uma em Feira de Santana. 

Segundo Paulo Mota, do Sindlojas-Sindicato dos Empresários Lojistas, “o fechamento de um grupo poderoso como o da Leader Magazine é mais um retrato lastimável da grave situação de crise vivenciada no estado e no país como um todo”.

Mota entende que “a roda da economia não está girando, ou seja, se o comércio não está vendendo por conta na queda do poder de compra dos consumidores, a indústria também reduziu a capacidade produtiva”, mencionando, ainda, “o PIB negativo, taxa de juros nas alturas e a alta do dolar”.

Para ele, “os consumidores estão adiando a compra de bens duráveis para priorizar o consumo de alimentos, medicamentos e educação”. Conforme Paulo Mota, “a sensação de desemprego no país já é muito grande”. Ele também estimou em “não menos que 30 o número de empregos em cada uma das lojas” da Leader Magazine, ameaçadas de fechamento.

De acordo com o presidente da CDL-Câmara de Dirigentes Lojistas da Bahia, Antonio Tawil, “a rede deve manter uma média de 35 empregados em cada uma das suas lojas instaladas em shopping centers, com o que as demissões atingiriam cerca de 200 empregos diretos, sem considerar os mantidos em loja virtual e os com atribuições de operação do Leader Card [cartão de crédito da rede que, até recentemente, oferecia o pagamento da primeira parcela em até 40 dias].

Segundo Tawil, além desses empregos diretos, o encerramento de atividade da rede afetará desde o sistema de transporte, usado para os deslocamentos casa-trabalho-casa, a lanchonetes no interior dos shopping e fornecedores como costureiras e produtores de embalagens – que pode alcançar cerca de 100 trabalhadores, impactando toda a cadeia produtiva.

Tawil salientou o perfil de uma capital como Salvador “que tem nas áreas de comércio e serviço seus principais geradores de emprego” e chamou a atenção para o fato de que “redes varejistas, até maiores que a Leader, também vêm recorrendo ao expediente da recuperação judicial”.

Para o presidente interino da ACB-Associação Comercial da Bahia, Adari Oliveira, “a decisão de recorrer à falência, embora envolva pendências financeiras entre os grupos controladores da rede varejista, é um reflexo da grave situação econômica vivida pelo País”.

Segundo Adari, “as vendas no varejo têm caído muito, principalmente na Bahia: o empresário vai levando o negócio até onde dá, em que pese o custo elevado do empreendimento e a decisão de fechar um negócio é sempre difícil, mas diante da situação de caos e de aumento de tributos – como é o caso do reajuste do ICMS, de 18% para 19%, por parte do governo do estado – e redução no consumo, não deixa outra escapatória”.

Adari Oliveira citou, também, a “fusão da Ricardo Eletro e Insinuante como facilmente previsível que levará ao fechamento de lojas que concorrem entre si em vários pontos da cidade, com mais geração de desempregos e consequente redução na arrecadação”.

Adquirida em 2012 pelo BTG Pactual, a Leader era considerada a aposta do banco para dar início a um movimento de consolidação no setor varejista, de olho no crescimento da classe C. Um ano depois, o BTG comprou a rede paulista Seller, com 50 lojas, mas o negócio não deu certo.

As dificuldades para integrar essa aquisição à estrutura da Leader obrigou a empresa a iniciar no ano passado um amplo processo de reestruturação. 

Em nota, o banco BTG Pactual, cujo ex-presidente André Esteves foi preso ano passado pela operação Lava Jato, informou que “já discutia valores pleiteados pelos vendedores da Seller, em virtude, dentre outros motivos, de inconformidades patrimoniais e contábeis da empresa, verificadas quando da conclusão da referida alienação”.

O banqueiro foi preso em 25 de novembro do ano passado sob suspeita de atrapalhar as investigações da Justiça. Esteves faria parte, ao lado do senador Delcídio do Amaral (PT), de um plano para ajudar Nestor Cerveró a fugir do País. O ex-diretor da área Internacional da Petrobras está preso por participar do esquema de propinas na estatal. 

Empresa de varejo já apresentava desempenho ruim

Em busca de recursos para reforçar seu balanço, em dezembro do ano passado, conforme amplamente noticiado, o BTG Pactual intensificou o processo de venda de ativos. Até mesmo suas empresas de varejo, que já apresentavam desempenho ruim, passaram a ser disponibilizadas no mercado. Segundo o jornal “Valor Econômico”, desde o final de 2015 a empresa negocia a venda de suas participações na rede de lojas de departamentos Leader e das farmácias Brasil Pharma. 

O banco chegou a obter cerca de R$ 2,4 bilhões com a venda das ações da rede de hospitais D’Or ao fundo soberano de Cingapura (GIC). A empresa de recuperação de créditos Recovery também está à venda. O BTG Pactual também negociava, desde então, operações de crédito e cotas de fundo imobiliário que pertenciam ao banco.

Dirigentes do banco teriam entrado em contato com a família Gouvêa, fundadora da companhia e que possui participação de 30% desde que o BTG adquiriu os 70% restantes da empresa em 2012. As conversas ainda permaneciam nos estágios iniciais, tendo como maior obstáculo a determinação do preço. Isso porque a Leader precisaria de um aporte de até R$ 300 milhões para redução do endividamento e, na atual situação, dificilmente o BTG faria esse aporte, considerando ter investido cerca de R$ 1 bilhão na compra de 70% da rede.

No final de janeiro desse ano, o grupo BTG-Pactual anunciou a demissão de 305 empregados no Brasil, de um total de 1.653. Com as demissões, que atingiram bancários em várias cidades do país onde a instituição mantém filiais, o banco de investimentos anunciou o propósito de reduzir custos em 25%. 

Fonte:https://www.tribunadabahia.com.br/2016/02/20/falencia-da-leader-ameaca-desempregar-200-pessoas

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