Separação das operações dará mais acesso a financiamentos bancários e ao mercado de capitais
O conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar (GPA) informou ontem que pretende fazer uma cisão da operação do Assaí, negócio de atacarejo da companhia, e registrá-la no novo mercado da B3 e na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). A listagem, no entanto, não virá acompanhado de uma oferta inicial ações (IPO, na sigla em inglês).
Segundo Ronaldo Iabrudi, vice-presidente do conselho do GPA, a cisão das operações vai proporcionar melhor e maior acesso a financiamentos bancários, um vez que cada empresa terá sua estratégia independente e planos de expansão possibilitando os bancos analisarem os riscos de crédito de cada negócio. A listagem na Nyse seria uma forma de facilitar o acesso a investidores estrangeiros que, algumas vezes, não conseguem aplicar no Brasil devido a regras de compliance, de acordo com Christophe Hidalgo, diretor vice-presidente de finanças do GPA.
“Adicionalmente, a potencial transação permitirá a cada um dos negócios acesso direto ao mercado de capitais e a outras fontes de financiamento, possibilitando, desta forma, priorizar necessidades de investimento de acordo com o perfil de cada companhia, criando, assim, mais valor para seus respectivos acionistas”, informa comunicado do Grupo Pão de Açúcar.
O vice-presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar destacou ainda que cada nova empresa que surge da cisão terá estratégias mais focadas, com equipes próprias. “São empresas grandes, com receitas de R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões, mas que atuam em segmentos distintos”, disse Iabrudi. Ele acrescentou que o Assaí vem crescendo em média 25% nos últimos quatro anos, com abertura de 20 lojas por ano e uma forte geradora de caixa. Já o negócio de multivarejo tem 1,3 mil lojas no Brasil, no Uruguai e na Colômbia, além de uma clara estratégia de digitalização.
A expectativa é que esse processo seja concluído entre o fim de fevereiro e começo de março de 2021. A partir desta data, os acionistas do GPA terão ações do Assaí na mesma proporção.
Os executivos destacaram que o objetivo da cisão é liberar o pleno potencial de negócios do Assaí e do segmento de varejo tradicional, com ambos operando de forma autônoma, administração separada e foco nos seus respectivos modelos de negócios e oportunidades de mercado.
Caso a cisão seja concretizada, ela será precedida da transferência da participação acionária hoje detida pelo Assaí na colombiana Almacenes Éxito para o GPA. A cisão será submetida aos órgãos reguladores do Brasil, dos EUA e de outros países onde o GPA atua.
No segundo trimestre, o Assaí obteve receita bruta de R$ 9 bilhões, uma alta de 26% em relação a um ano antes. Já o negócio de multivarejo avançou 13,6%, para R$ 8 bilhões. A receita bruta consolidada do GPA somou R$ 22,9 bilhões, com avanço de 61,1%.
Questionada sobre a decisão da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, de notificar as empresas e associações ligadas à produção e distribuição de alimentos da cesta básica, a companhia informou que está se pronunciando pelas entidades representantes do setor.
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