O comportamento do consumidor precisa mudar para que haja sustentabilidade: esta foi uma das principais mensagens das edições da Europa e da Ásia-Pacífico do Sustainable Cosmetics Summit. Mais de 150 alto executivos participaram de cada edição em Paris e Hong Kong para discutir questões-chave da sustentabilidade que afetam a indústria de cosméticos.

Vários dos palestrantes das duas edições sugeriram que um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento sustentável da indústria cosmética é o comportamento do consumidor. Embora as empresas estejam implementando uma série de iniciativas sustentáveis, o conhecimento do que é sustentabilidade por parte do consumidor ainda é baixa. Nesse sentido, o não conhecimento leva a baixa demanda de produtos verdes, o que desencoraja a indústria cosmética a investir mais em produtos sustentáveis.

Estudo realizado pela União para o BioComércio Ético mostrou que a conscientização sobre biodiversidade (e questões ambientais em geral) vem aumentando na Ásia. Mais de 70% dos consumidores chineses e coreanos estão cientes de tais questões, no entanto, consciência não se traduz em demanda, pelo menos não imediatamente. Segundo a Organic Monitor, organizadora do Sustainable Cosmetics Summit, a região Ásia-Pacífico compreende menos de 10% das vendas de cosméticos verdes globais. Além disso, há ainda muitas questões éticas sobre cosméticos na Ásia, como o uso de ingredientes de origem animal em cosméticos e testes em animais.

Mesmo na Europa a conscientização em relação ao mercado cosmético e sustentabilidade ainda é um grande problema. A L’Oreal afirma que começou a fornecer os dados ambientais em alguns de seus produtos de acordo com a lei Grenelle, no entanto, o desinteresse por parte dos consumidores desencorajou a companhia. A multinacional decidiu suspender a rotulagem ambiental já que seus consumidores não compreendiam os dados apresentados. Com companhias gastando milhares de dólares em análises de ciclo de vida, fica a questão se vale a pena o investimento já que os consumidores não se interessam muito pelo tema.

A falta de sensibilização dos consumidores também foi citada como um fator por trás da baixo taxa de recolhimento de óleo de palma sustentável. Embora a indústria esteja investindo na produção mais sustentável, a demanda tem sido insuficiente: apenas metade do óleo de palma RSPO é vendido como óleo de palma sustentável. Uma maior conscientização dos consumidores sobre as questões de abastecimento poderia colocar pressão sobre as empresas para investirem no o óleo vegetal sustentável, especialmente na Ásia, onde as plantações de óleo de palma estão causando desmatamento e poluição do ar.

As discussões também giraram em torno das questões de marketing e de consumo relacionados a cosméticos verdes. De acordo com a Havas Media Group, 88% dos consumidores europeus desejam saber se a origem da matéria-prima utilizada nos produtos que compram são adquiridos de maneira sustentável. No entanto, 45% dos consumidores acreditam que as especificações dos produtos que se dizem verdes não são confiáveis. As agências de mídia precisam auxiliar as marcas a inspirar os consumidores para o tema, comunicando seus esforços de sustentabilidade de forma mais eficaz.

Mei Mei Song, do Plaza Premium Lounge, acredita que aeroportos são uma ótima plataforma para divulgar cosméticos sustentáveis. Isso porque, mais de 65 milhões de pessoas passaram pelo aeroporto internacional de Hong Kong, em um ano. Sua empresa criou o Wellness Spas que ficam em aeroportos e onde produtos orgânicos de cuidados com a pele são comercializados para os passageiros que vão viajar.

Em outro trabalho, a marca ayurvédica Baidyanath afirmou que a distribuição foi o principal obstáculo para as marcas verdes no mercado indiano. Jasmin Aromatique sugeriu às marcas verdes darem uma ‘abordagem personalizada “, quando voltadas para os mercados dos países asiáticos. A marca australiana está abrindo lojas conceito em toda a Ásia para educar os consumidores sobre como skincare orgânica está ligada à saúde e bem-estar. Coop Switzerland afirmou que está se concentrando em seu rótulo privado Naturaline para informar aos consumidores sobre a sustentabilidade e questões ambientais.

As edições da Europa e da Ásia-Pacífico da Sustainable Cosmetics Summit levantaram muitas questões sobre a sustentabilidade na indústria de cosméticos. Com o crescente interesse sobre o tema, como a questão pode ser comunicada aos consumidores de maneira efetiva? O que pode ser feito para incentivar o consumo sustentável -, bem como a produção sustentável – de cosméticos e ingredientes? Será que os novos métodos de processamento e produção sustentáveis são a resposta para formulações cosméticas verdes? Com a Ásia crescendo em poder econômico, quando é que as questões de sustentabilidade e verde assumirão real importância?

 

Fonte:. http://www.cosmeticanews.com.br/leitura.php?n=comportamento-do-consumidor-em-relacao-a-sustentabilidade-e-tema-central-do-sustainable-cosmetics-summit-europa-e-sia-pacifico&id=4869

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