A Abivax, empresa francesa de biotecnologia, teve aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o estudo clínico de uma molécula, que foi desenvolvida para o tratamento da colite ulcerativa, também para a covid-19. Segundo Philippe Pouletty, presidente do conselho da Abivax, a pesquisa incluirá um total de 1034 participantes na Europa e América Latina.
O executivo afirmou que o estudo será feito em pacientes que estejam no início da doença para inibir a evolução da inflamação. “A pesquisa será realizada em pacientes que estejam no grupo de risco, ou seja, idosos e pessoas com alguma comorbidade. Queremos avaliar se o medicamento vai impedir o desenvolvimento da doença com severidade, por isso, vamos tratar logo no início sem a necessidade de internação”, disse o executivo.
Os estudos devem começar até o fim deste mês e a medicação será ministrada por 28 dias e, se for comprovada a eficácia do medicamento no tratamento da covid-19, a companhia espera obter o registro até o fim do ano. Durante o período obrigatório de quarentena de 14 dias, os participantes receberão o tratamento e serão monitorados.
A partir da terceira semana de tratamento, ou a partir da data em que forem liberados da quarentena pelos seus médicos, os participantes deverão comparecer ao hospital, uma vez por semana, para monitoramento. “Esse será o primeiro medicamento comercializado pela empresa no mundo e o Brasil pode ser um dos primeiros destinos dessa medicação”, afirmo
Sediada em Paris e Montpellier, a Abivax possui dois candidatos a fármaco em desenvolvimento clínico, o ABX464 para tratar doenças inflamatórias graves e agora covid-19, e o ABX196 para tratar o carcinoma hepatocelular. “Esse medicamento já está há 33 meses em estudos para a colite. Estamos apostando que terá efeito curativo em doenças em que a inflamação tem que ser combatida. A expectativa é que esse ensaio para colite termine em 2024 e o registro em 2025. Para covid-19, os testes estão mais rápidos em função da pandemia”, afirmou.
Além do Brasil, esse estudo envolvendo a covid-19 será feito na França, Alemanha, Reino Unido e Itália. A aprovação pelas autoridades do México, Chile e Peru também está em andamento. “Na atual situação, sem vacina e sem imunidade em massa contra a covid-19, necessitamos de um tratamento rápido que reduza a gravidade dessa doença”, afirmou o Hartmu presidente da Abivax.
Ehrlich ressaltou que a companhia já formou estoques para o tratamento de aproximadamente 50 mil pacientes. “Podemos aumentar a produção de ABX464 em poucos meses para o tratamento de mais de um milhão de pessoas”, garantiu.
Segundo ele, a Abivax já investiu € 100 milhões no medicamento desde 2015 quando começaram os estudos para o tratamento da Aids. “Nos próximos cinco anos devemos investir mais € 500 milhões somente nessa droga. Como somos uma empresa de biotecnologia, conseguimos investir menos em um novo medicamento do que as grandes farmacêuticas.”
A Abivax tem capital aberto na bolsa de Paris e hoje é avaliada, segundo o presidente da empresa, em € 300 milhões. “A Abivax foi a empresa de biotecnologia que teve o maior investimento na França. Quando abrimos o capital, conseguimos € 60 milhões”, afirmou Ehrlich. A companhia investe por ano € 120 milhões nos estudos clínicos das duas moléculas em desenvolvimento.
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