O mercado farmacêutico chinês têm ganhado cada vez mais espaço não só no desenvolvimento de vacinas como a Coronavac, mas também no fornecimento de matéria-prima para a produção de medicamentos ao redor do mundo.
De acordo com relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicado no fim de outubro com dados sobre a inspeção internacional de fabricantes de insumos farmacêuticos ativos (IFAs), 35% dos ingredientes de medicamentos básicos importados pelo Brasil vêm da China. Nesse aspecto, o país asiático só perde para a Índia, país de origem de 37% desses insumos.
“Hoje, quase todo antibiótico que a gente toma é chinês. Anti-inflamatório, remédio para hipertensão, protetor gástrico, medicamento para asma. Tudo isso tem ingrediente vindo da China”, explica Nelson Mussolini, presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma).
Ele destaca que, com a importação de grande parte dos insumos, só a etapa final de produção da droga é feita em território nacional. “As fábricas saíram do Brasil e de vários lugares do mundo. Acabaram concentradas na Ásia. Hoje recebemos os ingredientes e só fazemos a formulação, o envase, a embalagem e testes de estabilidade e farmacodinâmica”, diz.
Mussolini afirma que, como boa parte das fábricas produtoras de insumos precisam passar por inspeção sanitária do país onde o remédio será registrado, as empresas chinesas tiveram de se adequar aos padrões de qualidade internacionais.
De acordo com dados da Anvisa, se somadas as inspeções feitas em fábricas de insumos sintéticos e biológicos (que incluem matéria-prima para vacinas), a China é o segundo país do mundo com mais vistorias realizadas pela agência brasileira, com 95 certificados de boas práticas ativos no momento.
Para Ronaldo Gomes, gerente-geral de inspeção e fiscalização sanitária da Anvisa, os baixos custos e os processos de modernização das empresas chinesas ajudam a explicar a alta produção de insumos farmacêuticos no país asiático.
“Se formos analisar os insumos farmacêuticos sintéticos, é possível que o principal motivo (da alta produção na China) sejam os custos operacionais mais baixos. Tem também a questão de oferecerem a cadeia produtiva completa, da química de base até a química fina”, explica ele. “Já quanto aos insumos farmacêuticos biológicos, como os de vacina, que exigem mais inovação, estão se modernizando, com parcerias com universidades e instituições de pesquisa.”
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