A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) abrirá investigação para apurar se a hidroxicloroquina e azitromicina prescritas para o médico diagnosticado com coronavírus que morreu na segunda-feira, em Ilhéus, no sul da Bahia, saiu do estoque do Hospital Regional da Costa do Cacau ou de uma farmácia de manipulação. O cardiologista Rafael Klecius, que assinou a prescrição dos remédios, pode ser demitido ou advertido, conforme disse ao Estado o secretário da pasta, Fábio Villas Boas.
A receita médica foi emitida para Gilmar Calasans Lima, de 55 anos, na quinta-feira, e indicava uso de um comprimido de hidroxicloroquina a cada 12 horas, por cinco dias, combinado com uma dose de azitromicina por dez dias. A eficácia dos medicamentos contra a covid-19 não tem comprovação científica. “Não sei se ele tinha certeza da eficácia do uso, porque não me falava. O que importa é que ele não fez a automedicação. Ele foi atendido e, de antemão, o médico já mandou fazer uso”, afirmou o marido de Gilmar, Laercio Souza.
O uso dos medicamentos começou antes mesmo do resultado do teste para covid-19, liberado somente no sábado. Gilmar era hipertenso e diabético, segundo a Sesab, mas tinha um quadro controlado das doenças e, inicialmente, apresentava sintomas leves da infecção pelo vírus. Ele e Rafael eram colegas de trabalho no Hospital da Costa do Cacau, gerido pelo governo do Estado da Bahia.
A piora surgiu quatro dias depois do início do tratamento, quando foi levado para a emergência com sinais de arritmia, na madrugada de segunda. A equipe médica tentou reanimá-lo por 45 minutos, mas o coração de Gilmar não reagiu.
O médico, que sofreu uma parada cardiorrespiratória, é o primeiro profissional de saúde morto pelo coronavírus na Bahia, onde já foram notificados 48 mortes e 1.364 casos da doença, ainda de acordo com a Sesab.
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