Cientistas chineses relataram ter conseguido proteger um grupo de macacos ratos e camundongos da infecção pelo novo coronavírus em um experimento de vacina. O trabalho foi publicado em um repositório de artigos científicos, mas ainda não foi revisado por outros acadêmicos. Especialistas ponderam que o número de animais testados ainda é pequeno para resultados significativos.
O trabalho é conduzido pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, que chegou a trabalhar em uma vacina contra a Sars em 2003. Segundo o relato, o imunizante, feito com versão quimicamente inativa do vírus, não causou efeitos colaterais evidentes em macacos da espécie Rhesus. A equipe criou uma vacina que introduziu anticorpos neutralizantes específicos para o SARS-CoV-2. Estes anticorpos neutralizaram dez cepas representativas do vírus.
Os cientistas argumentam que isso aponta para uma possível capacidade de maior neutralização do vírus contra cepas circulantes por todo o mundo. A imunização com duas doses diferentes proporcionou uma proteção parcial ou completa a macacos. Uma observação dos sinais clínicos, do índice hematológico e bioquímico e a análise histopatológica em animais sugere que a vacina é segura.
A seção de notícias da revista Science repercute o artigo e explica que os experimentos foram realizados com oito macacos, que receberam as duas doses diferentes. Após três semanas, os pesquisadores introduziram o SARS-CoV-2 nos pulmões do macaco por meio de tubos na traqueias e nenhum deles desenvolveu a infecção.
Os macacos que receberam a dose mais alta da vacina em teste tiveram melhor resposta: uma semana após o recebimento do vírus pelos animais, os cientistas não conseguiram detectá-lo na faringe ou nos pulmões de qualquer um deles. Alguns dos animais que receberam a dose mais baixa tiveram recuperação na carga viral, mas eles também poderiam controlar a infecção. Mas animais de controle – que não administraram a vacina – desenvolveram altos níveis de RNA viral e uma pneumonia grave.
“Os resultados nos dão muita confiança” de que esta vacina funcionará em humanos, diz Meng Weining, do Sinovac Biotech e autor do artigo. O teste em humanos começou em 16 de abril.
Ressalvas
A Science repercute a opinião de Douglas Reed, de Universidade de Pittsburgh (EUA), sobre o artigo, que também está desenvolvendo uma vacina. Para ele, o número de animais é muito pequeno para produzir resultados estatisticamente significativos. Especialistas ponderam também que faltam modelos animais para testes de vacina para covid.
Ainda não existe imunizante contra o coronavírus, mas farmacêuticas e universidades em todo o mundo trabalham para desenvolver o produto. Segundo especialistas, o desenvolvimento de uma vacina contra a nova doença deve levar pelo menos mais um ano.
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