Hoje, o único indício concreto de que um produto na prateleira do supermercado está impróprio para o consumo é a data de validade ultrapassada (ou o cheiro e o aspecto, nos casos mais extremos). Para revelar com precisão qual é a “real” dentro dos pacotes, a Braskem, uma das maiores produtoras de matéria-prima para plástico do mundo, desenvolveu uma embalagem que muda de cor quando o alimento passa do ponto.
No caso de um peixe estragado, que nessa condição liberaria gases com composição química semelhante à amônia, a bandeja que o armazena iria da cor amarela para a azul. A solução não é de todo novidade. Já há etiquetas inteligentes, em uso nos Estados Unidos e na Europa, que funcionam como um alerta vermelho na embalagem.
A tecnologia da Braskem vai além porque, entre outras coisas, simplifica o processo de embalar milhares de produtos por hora. É que inserir uma etiqueta inteligente em um pacote significa adicionar mais uma etapa à produção – e tempo maior é custo maior. No caso da Braskem, a embalagem toda é inteligente. Não precisa de etiqueta nenhuma.
Faz cinco anos que a empresa desenvolve a tecnologia. A grande inovação dos pesquisadores, até agora, foi conseguir fazer a substância que detecta o estrago no alimento resistir às altas temperaturas típicas da fabricação do plástico. Em forma de pó, ela é misturada à resina (que pode ser PVC, EVA, entre outras) e, mesmo assim, permanece ativa.
O nome da substância e como ela sobrevive são mantidos em segredo pela companhia. E o custo do invento não foi divulgado. “Trabalhamos para que a solução seja competitiva”, resume Márcia Pires, pesquisadora do centro de tecnologia e inovação da Braskem. Até o final de julho a empresa buscava os primeiros clientes para as novas embalagens.
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