“Upcycling beauty” é um dos termos mais em alta na indústria da beleza atual. O conceito se resume em reutilizar materiais ou ingredientes que seriam descartados ou considerados resíduos, transformando-os em novos produtos de beleza, como cuidados com a pele, cabelo, maquiagem ou fragrâncias. A abordagem, alinhada com a crescente conscientização sobre sustentabilidade, busca reduzir o desperdício, minimizar o impacto ambiental e adotar práticas mais responsáveis. No entanto, a causa, por mais que seja a ideal, nem sempre é usada pelo mercado, já que é mais trabalhosa e muito mais cara. Por exemplo, para reutilizar o material natural, o ideal é que a plantação, no caso da uva, seja orgânica, para que não haja contaminação por agrotóxico no produto.

Como se não bastasse, após a produção há um outro desafio: convencer o consumidor da importância em utilizar produtos orgânicos, que geralmente também possuem um preço mais salgado. Por mais que seja um desafio, a Ziel, marca brasileira de cosméticos, segue focada em revolucionar o universo da beleza limpa. No comando da startup, que possui dois anos de existência, está a farmacêutica Ana Lucia Koff, pós-graduada em engenharia cosmética e pesquisa clínica. Ela fez questão que os produtos, como shampoo e condicionador em barra, sabonete, hidratante corporal em barra e bath bubble (sais de banho para derreter na banheira), fossem criados com insumos que seriam descartados pela indústria, como a casca e a semente da uva, e a casca da maçã. A marca, que nasceu em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, conta com a vantagem de estar na rota dos vinhedos.

Para conhecer a produção dos insumos de perto, Bazaar foi até o Sul do País. Lá, conhecemos a Organovita, marca de produtos orgânicos e naturais em Garibaldi, que por exemplo, fornece casca, semente e óleo de uva, e casca de maçã, que sobram da produção de seus sucos e vinagre. “O óleo da semente da uva é a grande estrela, está em todos os produtos da Ziel. Ele é extraído de uma uva orgânica, de forma totalmente fria. Então, ele não tem nenhum ácido, é como se fosse um azeite, sem nenhuma química. No mercado, normalmente, esse processo é feito de outra forma, o que deixa tudo menos puro”, afirma Ana, que ressalta o poder de dar uma segunda via para o descarte. Aqui, como até a semente da fruta é aproveitada, tudo tem função. “A casquinha da semente possui ação probiótica. Então, ela entra na composição do sabonete íntimo, para ajudar a melhorar a flora”, diz a farmacêutica, que usa as uvas de parreiras em seus produtos, que levam menos tratamentos e dá maior produção e melhor qualidade.

Para um dos seus últimos lançamentos, a Ziel fez uma parceria com a Vinícola Miolo, que produz 10 milhões de garrafas por ano, e que fornece para a marca o cristal da fermentação do vinho – resíduos que se formam quando moléculas de potássio e cálcio se ligam ao ácido tartárico, todas substâncias naturais do processo de vinificação. A retirada desse processo é extremamente delicado, requer treinamento da equipe para entrar nos tanques gigantes e fazer a coleta do material. Essa substância é uma das principais para a criação das esferas de banho efervescentes, conhecidas como Bath Bubble. Inclusive, agora em nova embalagem, o produto sinaliza de qual safra de vinho veio a esfera.

Fonte: https://harpersbazaar.uol.com.br/bazaar-green/conheca-a-ziel-marca-de-cosmeticos-upcycling-com-produtos-feitos-a-partir-da-casca-e-semente-de-uva/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *