Atualmente, o medicamento pode ser encontrado apenas nas formas de xarope, gotas, comprimidos e supositórios
Amplamente utilizado no mundo todo, o paracetamol injetável não é comum no Brasil. O cenário pode mudar com o primeiro tipo do medicamento em bolsas prontas para uso. Lançado pela farmacêutica Halex Istar, atualmente sediada em Goiânia (GO), o medicamento contribuirá como alternativa à dipirona em casos de alergia; casos de êmese (vômito) – em que o paciente não pode ingerir o comprimido – ou quando há impossibilidade de administração por via retal.
Até o momento, seu uso está limitado a hospitais, sendo que o alívio da dor se inicia nos primeiros 15 minutos após a administração. Ainda, segundo a bula, o pico de efeito analgésico ocorre em uma hora, e a duração do efeito é, geralmente, de quatro a seis horas. Atualmente, o medicamento pode ser encontrado apenas nas formas de xarope, gotas, comprimidos e supositórios.
Caroline Fagundes, farmacêutica e gerente corporativa de qualidade e assuntos regulatórios da Halex Istar Indústria Farmacêutica, conta que o registro do medicamento foi publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2020, por meio da Resolução – RE nº 1.046, de 09 de abril de 2020. “É considerado um medicamento inovador no Brasil, pela sua forma farmacêutica, sendo incluído na lista de medicamentos de referência eleitos pela Anvisa em 2022”, destaca.
Vantagens
Limitando-se ao uso hospitalar, o paracetamol injetável oferece uma vantagem em casos de surtos de doenças virais, como a dengue, transmitida pelo Aedes aegypti. Seus sintomas, como dor e febre, podem ser aliviados com a dipirona ou paracetamol. Pacientes alérgicos ao primeiro têm como alternativa o segundo analgésico, porém com uma analgesia mais lenta.
O fármaco também se mostra como uma alternativa aos opioides – analgésicos potentes com alto risco de dependência. “O sedativo pode gerar consequências negativas para o paciente que está se recuperando”, acrescenta a farmacêutica.
Outra vantagem da administração venosa é que ele já está pronto para uso, não necessitando de preparo ou manuseio. “Dessa forma, minimiza-se a chance de erros e o tempo de manipulação”, explica Caroline.
Uso
O paracetamol foi sintetizado no final do século 19. Os estudos pioneiros com essa molécula foram publicados pelo químico alemão Joseph von Mering em 1893. No entanto, a substância ficou restrita às pesquisas pelos 60 anos seguintes. Ela só estreou nas farmácias dos Estados Unidos e Austrália a partir dos anos 1950. No Brasil, ele está disponível desde os anos 1970. Hoje, faz parte dos medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais).
Mesmo com tanto tempo de uso, estudos já publicados questionam a eficácia do paracetamol e seu risco ao fígado. Em contrapartida, especialistas indicam o uso consciente do medicamento e alertam para o risco da automedicação. “Durante a produção do paracetamol intravenoso houve uma fase para estabelecer a eficácia. Então, essa preocupação sempre esteve presente durante o processo.”
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