Após cerca de um ano de negociações, o Pátria Investimentos entrou no segmento de atacado no país com a compra de 56% da rede baiana Atakarejo, maior atacadista da Bahia e a sexta maior do país, com 28 lojas e receita bruta de R$ 3,7 bilhões em 2022. A companhia já buscava um sócio há pelo menos dois anos, como forma de acelerar crescimento,  monetizar uma participação menor dos sócios e reduzir dívida, apurou o Valor.

Com esse movimento, no curto prazo, o plano da gestora é montar uma operação nesse segmento, alocada num novo fundo de investimento, por meio, principalmente, de abertura de lojas e aquisições eventuais, disse o comando da gestora. Plano já discutido entre o Pátria e fundadores da Atakarejo prevê de 10 a 15 inaugurações ao ano — um total de ao menos 50 lojas em cinco anos.

Paralelamente, o Pátria já tem estruturado outro fundo, separado do novo veículo de investimento, apenas com ativos de redes regionais do varejo alimentar e com empresas de logística e distribuição. Nessa operação, cinco cadeias de supermercados formam a empresa Plurix, 21ª maior varejista do país e a 13ª do Estado de São Paulo. São R$ 3,97 bilhões em vendas no ano passado, segundo ranking da Abras, associação do setor.

Se considerar as vendas do atacado recém-adquirido e do varejo seriam R$ 7,7 bilhões em receita bruta em 2022. Internamente, o Pátria considera os negócios em dois segmentos, com teses de investimento independentes, e não contabiliza os ativos como um só.

Nesta terça-feira (3), após surgirem informações no mercado sobre a venda da Atakarejo, fontes próximas à operação calculavam a transação em torno de R$ 650 milhões e R$ 700 milhões pelos 56%, apurou o Valor. Mas concorrentes diretos da atacadista consideravam a soma um pouco abaixo do projetado frente ao valor da Atakarejo (o “enterprise value”, que considera na conta as dívidas líquidas) na faixa de R$ 1,9 bilhão. A companhia não comenta valores.

A Atakarejo foi fundada em 1994 pelo empresário Teobaldo Costa, que se mantém à frente da operação da companhia, após o fechamento do acordo. O acertado entre as partes não define período determinado do fundador na gestão após a venda do controle.

A maior parte dos recursos da transação irá para o negócio e uma parcela pequena para o bolso dos acionistas, com a venda da participação do fundador e de seu filho Gabriel Costa, que tinham 93% e 7% da atacadista, respectivamente.

“É muito mais [uma transação] primária [recursos para o negócio] do que secundária [para o bolso dos sócios] , porque esta é bem pequena”, diz Luís Felipe Cruz, sócio do Pátria e responsável pelos investimento de private equity no país. “A intenção é acelerar a expansão de um negócio que avaliamos como muito resiliente e que entendemos ainda com alta capacidade de crescimento.”

A cadeia cresceu 24% em 2022 (Assaí cresceu 30% e Atacadão, 26%), com lucro líquido de R$ 29,7 milhões, alta de 62%, e endividamento bruto total de R$ 534 milhões, para um caixa líquido de R$ 76 milhões. Houve consumo de caixa líquido na atividade operacional de R$ 35 milhões em 2022

No capital destinado ao negócio está incluída uma parcela para redução no nível de endividamento na empresa, além do projeto de crescimento, para ajudar a equilibrar a estrutura de capital. Em 2022, a empresa emitiu R$ 140 milhões em debêntures não conversíveis em ações.

Nos próximos anos, a expectativa é que a cadeia consolide sua atuação pelo Nordeste, saindo da Bahia para outros Estados próximos, diz Marcos Ambrosano, sócio do Pátria e ex-Walmart. “Estamos bem posicionados para crescer organicamente e, caso apareçam oportunidades para investimento inorgânico, nós vamos avaliar.”

Os donos já vinham buscando vender o negócio, pelo menos, desde 2021, apurou o Valor, e chegaram a sondar rivais como Grupo Mateus e Assaí, mas o foco das redes em crescer por meio de expansão orgânica, mais barata considerando os múltiplos que vêm sendo pedidos pelas cadeias, impediu o avanço nas conversas.

A entrada do Pátria no segmento ocorre num período de queda nas vendas de Assaí e Atacadão, em lojas com mais de um ano, e mercado mais cauteloso com investimentos no setor. Para Cruz, ainda há valor a ser captado no chamado “atacarejo”, que vende para pessoas físicas e empresas. “É o segmento alimentar que mais cresce há anos seguidos, e o aporte na Atakarejo foi fruto de uma análise aprofundada. A rede já mostra expansão sólida há anos e dominância na região, reflexo da gestão dos sócios”, afirma ele.

No fundo com supermecadistas, o Pátria Private Equity VI FIP Multiestratégia, estão as cinco cadeias adquiridas de 2021 para cá, hoje divididas em três operações regionais: Jundiaí (Boa Supermercados), Assis (Casa Avenida) e Guarapuava (Superpão), liderada por Jorge Faiçal (ex-GPA). Na divisão de atacado do Pátria, o responsável é Silvio Pedra (ex-Cencosud).

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/10/03/ptria-compra-controle-da-rede-de-atacado-baiana-atakarejo.ghtml

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