Previsão do banco para a economia brasileira em 2024 é expansão de 1,5%

Mesmo com o Brasil tendo crescido acima das estimativas nos últimos anos, os economistas do Citi veem com ceticismo a possibilidade do chamado Produto Interno Bruto (PIB) potencial do país (nível de riqueza que um país pode produzir) ter crescido por conta de reformas feitas nos últimos governos. O economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, avalia que o país está crescendo acima do PIB potencial por conta de um consumo ‘resiliente’. O consumo das famílias cresceu 1,1% no terceiro trimestre, acima das previsões do mercado de 0,2%, e ajudou a economia brasileira a crescer 0,1% no período.

— O país está crescendo acima do PIB potencial por conta do consumo resiliente. Se o PIB potencial do país tivesse mudado, o investimento teria que estar crescendo e não caindo — explicou Porto em evento para jornalistas, que acredita que o PIB potencial brasileiro ainda é de 1,5%.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o Ministério do Planejamento, aventaram recentemente a possibilidade de o PIB potencial brasileiro ter crescido em função de reformas feitas nos últimos governos, como a trabalhista, da Previdência, arcabouço fiscal, entre outras. Essa seria uma hipótese para explicar o crescimento brasileiro acima das estimativas feitas pelos economistas nos últimos anos.

Para o economista do Citi trata-se apenas de uma sugestão hipotética, que não foi baseada em modelos. Ele diz que as reformas feitas recentemente, em diferentes governos foram importantes, mas um avanço do PIB potencial reduziria a ociosidade no país e o desemprego (que caiu no país) estaria ainda mais baixo. Para o economista do Citi, este crescimento acima do esperado é temporário e pode começar a gerar pressão inflacionária via salários.

— A correção real dos salários está em 3,8% nos último doze meses, enquanto o ganho de produtividade está em 1%. Não só o mercado de trabalho está aquecido, mas está chegando no nível que gera pressão sobre a inflação — diz ele.

Crescimento de 3,1% em 2023
 
O Citi mantém a estimativa de crescimento do PIB este ano para 3,1% e de 1,5% para 2024. O economista-chefe da instituição avalia que a inflação daqui para a frente deve cair mais lentamente, especialmente por conta de serviços, e o Banco Central deve interromper a queda de juros quando a Selic chegar a 10%, no próximo ano. No mercado, há avaliações que a Selic pode chegar a até a 8,5% no próximo ano.

— A inflação caiu sem sacrificar o crescimento. Mas o processo desinflacionário agora vai ser mais lento porque depende do esfriamento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego é a menor desde o primeiro trimestre de 2015 — lembrou Porto.
 

Brasil está no foco
 
O chefe de global markets do Citi, Eduardo Miszputen, afirma que o Brasil está no foco dos investidores globais. Com projeções econômicas ajustadas para cima, distante de eventos geopolíticos, atividade centrada em commodities para exportação e pouca dependência do capital estrangeiro, o Brasil se destaca entre os emergentes, especialmente pela estabilidade do real.

— O governo adotou medidas pragmáticas e vem tentando aprovar reformas, o que é bem visto pelo mercado de forma geral; Há muito otimismo nos últimos dois meses. O brasil pode continuar atraindo fluxo de investimentos e iniciar um novo ciclo otimista — afirmou, durante a apresentação para jornalistas.
Um fluxo maior de capital externo já vem impactando no câmbio, especialmente nas últimas semanas, quando o dólar tem ficado abaixo de R$ 5. Este deve ser o patamar do câmbio também em 2024, diz Miszputen.

Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/12/08/crescimento-do-pais-acima-do-seu-pib-potencial-e-temporario-diz-economista-do-citi.ghtml

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