A estratégia das empresas do setor neste inícios de ano, especialmente na Europa, será jogar com os valores para sustentar os volumes de vendas

A estratégia de preços deve ser fator-chave para os volumes de vendas mundiais da indústria de higiene pessoal no primeiro trimestre deste ano, especialmente na Europa, de acordo com analistas de mercado. O repasse de preços na América Latina e o ritmo de recuperação dos atacarejos, com destaque para o Brasil, também devem ser diferencial para as receitas das multinacionais do setor.

Em relatório sobre o ambiente de consumo no continente europeu, os analistas do Jefferies apontam que os preços da Unilever continuam mais elevados que de concorrentes no início deste ano, abrindo espaço para que outras companhias avancem em participação de mercado. O relatório destaca que a Unilever sofreu queda de volumes de desodorantes de 10,2% nas quatro semanas findas em 28 de janeiro, enquanto os volumes da concorrente Beiersdorf cresceram 2,6%.

No mesmo período, a controladora de marcas como Dove, Rexona e Axe ampliou seus preços em 14,6%, enquanto o ajuste da dona da Nivea foi de 2,9%.

De acordo com a divulgação de resultados da Unilever do quarto trimestre do ano passado, a Europa representa 17% de seu mercado, segunda menor região, à frente apenas da América Latina com 16%. Para este ano, a companhia estima crescimento de vendas de 3% a 5%, refletindo um “melhor balanço entre volumes e preços”. A Unilever apontou ainda que deve ter “ligeira melhoria” na margem operacional em 2024.

Já a Colgate-Palmolive deve registrar alta de volumes neste ano, de acordo com as estimativas do Jefferies, estando bem-posicionada para superar os concorrente em diferentes mercados. Segundo os analistas, a Colgate-Palmolive deve ser resiliente mesmo diante de ambientes macroeconômicos difíceis devido a sua atuação em diferentes níveis de preços e os “packs” de embalagens em tamanhos promocionais. Esse destaque, segundo os analistas, também reflete uma maior participação da América Latina na receita, enquanto a China recua.

Mercado brasileiro

A pesquisa Brand Footprint 2023, desenvolvida pela consultoria Kantar, aponta que a marca Colgate foi a oitava mais comprada no Brasil em 2022, sendo a primeira do ranking no segmento de higiene pessoal. A Colgate avançou uma posição em relação ao ano anterior. Já a marca Sorriso, que também integra o portfólio da Colgate-Palmolive, avançou cinco posições e alcançou a 22ª colocação entre as marcas mais consumidas no Brasil.

O menor repasse de preços, segundo a Kantar, foi um dos destaques da Sorriso no último ano.

Quem também realizou menor repasse de preços em 2022 foi a Seda, que avançou sete posições no ranking e se tornou a 39ª mais consumida no Brasil, sendo a única marca de cuidados pessoais da Unilever a aparecer na lista das 50 preferidas segundo a Kantar.

A consultoria aponta, em relatório de perspectivas para o consumo latinoamericano em 2024, que o Brasil deve liderar a recuperação de volumes na região, com alta de 10%. A expectativa é de que os atacadistas continuem a ampliar sua relevância apresentando boa relação entre qualidade e preço, ampliando as ocasiões de compras. De acordo com a Kantar, o fim de 2023 foi marcado por uma queda na inflação de bens de consumo massivo (FMCG, na sigla em inglês) após a forte alta registrada nos anos de pandemia.

A consultoria observa que a América Latina tem se destacado como região com maior recuperação nos volumes de bens de consumo massivo, embora o gasto médio ainda esteja abaixo de países como o Reino Unido.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/03/22/preco-sera-fator-chave-para-vendas-mundiais-de-produtos-de-higiene-pessoal-no-trimestre.ghtml

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