A problemática rede varejista Americanas finalmente apresentou os resultados de 2022 e republicou os de 2021. A empresa, que está em recuperação judicial, registrou prejuízo líquido de R$ 12,9 bilhões em 2022. E corrigiu a última linha de seu balanço no ano anterior: em 2021, teve prejuízo líquido de R$ 6,23 bilhões – anteriormente, tinha divulgado lucro líquido de R$ 731 milhões.

O anúncio das demonstrações financeiras foi marcado por adiamentos e ocorreu após 11 meses desde que veio à tona o maior caso de fraude corporativa brasileira. Com os novos números, a perda líquida aumentou 107% entre 2021 e 2022.

O patrimônio líquido da Americanas ficou negativo em R$ 26,6 bilhões ao fim de 2022, considerando os ajustes extraordinários no balanço. Em 2021, o patrimônio líquido real da empresa foi negativo em R$ 12,6 bilhões. Originalmente havia sido positivo em R$ 9,48 bilhões.

O auditor independente negou-se a dar opinião sobre as demonstrações financeiras da rede.

A administração da Americanas reiterou que a companhia foi “vítima de uma fraude sofisticada”, baseada na manipulação de seus controles internos pela antiga gestão, o que tornou “desafiador o refazimento das demonstrações financeiras”. se deram no custo de mercadorias vendidas, devido ao desfazimento das verbas de propaganda cooperada (VPCs) fictícias, mudanças no resultado financeiro e efeitos tributários.

As receitas da varejista somaram R$ 25,8 bilhões entre janeiro e dezembro do ano passado, uma alta de 14,6% sobre o mesmo período de 2021. A companhia diz que seu faturamento foi impactado pelo real custo de mercadorias da empresa.

Segundo os dados divulgados nesta quinta-feira, a dívida líquida da Americanas ao fim de 2022 era de R$ 26,2 bilhões.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2022 ficou negativo em R$ 6,16 bilhões, ante R$ 3,4 bilhões negativos em 2021 (originalmente positivo em R$ 2,05 bilhões). Em termos recorrentes, o Ebitda foi negativo em R$ 2,92 bilhões.

A dívida líquida da Americanas ao fim de 2022 era de R$ 26,2 bilhões, vendo uma deterioração significativa dos seus níveis de caixa e recebíveis em decorrência da fraude contábil descoberta pela empresa em janeiro deste ano.

Em 2021, segundo os números reapresentados, a dívida líquida da Americanas era de R$ 13,9 bilhões. Originalmente, a empresa havia divulgado que tinha caixa líquido de R$ 1,73 bilhão.

“Os contratos de risco sacado e de empréstimo de capital de giro, indevidamente contabilizados na conta de fornecedores, foram reclassificados para endividamento, o que resultou em um aumento de R$ 15,6 bilhões na dívida bruta”, afirma a empresa.

Além disso, a empresa afirma que houve a necessidade de reclassificação de todas as dívidas de longo prazo para curto prazo, em decorrência dos efeitos dos demais ajustes, passando, mesmo as mais longas, a serem exigíveis em curto prazo.

Projeções
A Americanas espera registrar Ebitda superior a R$ 2,2 bilhões em 2025. Desconsiderando os efeitos do IFRS, a companhia prevê Ebitda acima de R$ 1,5 bilhão. Em 2022, a companhia teve prejuízo antes de juros, impostos, depreciação e amortização de R$ 6,1 bilhões.

A varejista apresentou um conjunto de projeções para o período, considerando algumas premissas, como a aprovação do plano de recuperação judicial, a revisão da estrutura de despesas, o crescimento de vendas e margens nas lojas físicas e o “negócio digital buscando neutralidade de resultados”.

A Americanas projeta patrimônio líquido positivo em 2025. A companhia encerrou 2022 com patrimônio líquido negativo em R$ 26,6 bilhões.

A dívida financeira bruta, segundo as projeções, encerrará 2025 entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. Em 2022, ficou em R$ 37,3 bilhões.

Caixa e recebíveis devem ficar em cerca de R$ 2,5 bilhões em 2025 e a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (ex-IFRS), menor que 0,75 vez, desconsiderando recebíveis. Em 2022, caixa e recebíveis somaram R$ 11 bilhões.

Plano estratégico
“A companhia vive um capítulo singular na sua história desde janeiro, quando foi divulgada a existência de, naquele momento, “inconsistências contábeis” que meses depois foram reveladas como fraude de resultados”, afirma a administração.

Segundo a Americanas, a reapresentação das demonstrações financeiras ajustadas de 2021 e a divulgação dos números de 2022 são um compromisso da nova diretoria com a transparência e a verdade.

A empresa vê que a transformação da Americanas passa por 14 áreas do negócio com oportunidades de melhoria e evolução para a reconstrução da empresa, com um plano estratégico focado no canal físico e complementado pelo digital.

Além disso, outros dois focos de atuação, recuperação judicial e esclarecimentos, foram separados dos trabalhos de transformação, de maneira a gerar foco necessário das equipes para operação e implantação das medidas de produtividade.

“Com todas essas ações, acreditamos que a companhia estará pronta para renovar seu papel de relevância no varejo brasileiro através de uma proposta completa tanto em sua omnicanalidade quanto nos produtos financeiros disponíveis a nossos clientes”, dizem.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/11/16/americanas-teve-prejuizo-de-r-6-bilhoes-em-2021-e-de-r-129-bi-em-2022.ghtml

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