Com os balanços de 2021 e 2022 em mãos, a Americanas e seus bancos credores devem chegar a um acordo em até 15 dias, apurou o Valor. O atraso de alguns dias para a publicação dos números — e prejuízos bilionários — não mudou a dinâmica das negociações, que segue avançando, com perspectivas positivas para ambos os lados, disseram fontes que pediram anonimato.
Segundo fontes dos bancos, os números apenas oficializaram um rombo já esperado e não mudará o rumo das negociações entre as partes. “Com a capitalização de R$ 12 bilhões, a viabilidade [da empresa] aumenta bem, mas só saberemos se a projeção de Ebitda se confirma em 2025. Se confirmar, fica uma empresa menor, mas saudável”, disse um dos interlocutores. Ele frisou, ainda, que a empresa voltará ao básico, com foco nas lojas físicas.
As conversas já vinham evoluindo há meses, mas os bancos colocaram a exigência de que um acordo só poderia ser alcançado com os demonstrativos auditados em mãos, o que foi feito pela BDO RCS — apesar de o auditor ter se negado a dar opinião sobre as demonstrações, alegando vários problemas na obtenção e confirmação de dados. Entre hoje e amanhã os representantes dos bancos e da varejista terão um novo encontro. Nas últimas semanas, o ritmo dos encontros tem sido intenso — um a cada dois dias.
Mesmo que seja difícil, ainda existe a estimativa de que será possível votar o plano de recuperação judicial da Americanas ainda neste ano. Para isso, será necessário chegar a um acordo ainda em novembro para que a assembleia de credores possa ocorrer antes da virada do ano, lembrando que o encontro pode ocorrer apenas, após 30 dias após a chamada oficial da reunião.
Na pauta das reuniões estão ainda detalhes sobre o acordo, visto que sobre a equação geral já se há um consenso: o trio de acionistas Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles injetarão R$ 12 bilhões na empresa (valor que inclui o empréstimo DIP de R$ 2 bilhões), ao passo que os bancos converterão o mesmo valor (R$ 12 bilhões) da dívida em ações da varejista.
Procurada, a Americanas não comentou até o a publicação desta nota.
Deixe um comentário