O consumidor tem sentido no bolso o aumento de itens básicos da cesta de alimentos.

Pesquisa feita pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), que comparou os períodos pré e pós- -covid-19, apontou aumento médio dos principais itens da cesta básica de 1,86% entre 23 de março e 22 de abril, após uma queda de 0,06% entre 8 de fevereiro e 7 de março.

Segundo o economista André Braz, coordenador do IPC do FGV Ibre, como as famílias estão em casa, a procura por produtos nos supermercados aumenta. “As famílias passaram a fazer todas as refeições em casa – café, almoço e janta. E pedir comida em restaurante custa mais caro. Então a melhor opção é comprar no mercado, mesmo que se pague um pouco mais neste momento”, explicou Braz.

Os destaques são as altas da batata-inglesa, de 13,69%, do feijão-carioca (8,62%), leite (7,55%) e ovos (6,57%). O economista ressalta, no entanto, que outros fatores também ajudaram a elevar os preços, como efeitos sazonais e a alta do dólar.

No caso do feijão, Braz explica que a safra foi menos expressiva neste ano, o que fez os preços avançarem. Já os ovos, que já haviam aumentado 7,21%, continuaram subindo 6,57%, devido ao maior o consumo na quaresma. “A desvalorização cambial também colaborou, pois atua sobre o preço das commodities. Se o trigo fica mais caro, por exemplo, aumenta o preço dos derivados como o pão francês”, analisa o economista.

Por sua vez, a batata, além da elevada demanda, apresentou alta de preços devido à menor oferta do tubérculo, segundo o Hortifruti/Cepea, plataforma do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Lavouras do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste registraram excesso de chuvas, aumentando também os problemas com doenças e reduzindo a qualidade dos tubérculos. Já o Sul sofreu com a estiagem, que facilitou a incidência de pragas. A Apas (Associação Paulista de Supermercados) diz que, desde início da pandemia, vem orientando seus associados a não aumentarem a margem de lucro praticada anteriormente à crise e apenas repassar os aumentos impostos pela indústria.

A entidade destaca que clima, dólar, sazonalidade, energia, insumos e até embalagem influenciam nos preços de alimentos e bebidas. Segundo uma pesquisa da associação, em março, em São Paulo, os preços de alimentos, bebidas e produtos de limpeza tiveram um aumento médio de 0,76%, acumulando alta de 1,40% nos três primeiros meses do ano – menor do que a registrada em 2019, quando esse acumulado ficou em 3,30%. Os dados mostram que, das 27 subcategorias analisadas, 23 ficaram mais caras, com destaque para os hortifrutigranjeiros: legumes (6%), ovos (4,72%), tubérculos (4,29%) e leite (3,32%).

A Apas estima que os preços do leite deverão se manter elevados por enquanto. Segundo a associação, a pandemia trouxe impactos para a indústria do leite principalmente nos setores de logística e embalagem, negociados em dólar. Por outro lado, durante o mês de abril as novas tabelas de preços já apontam para quedas de 11% até 16%.

Um alimento com tendência de alta é o arroz, cujo preço no atacado subiu 12% desde 3 de março, avalia a entidade. Um dos motivos para esse aumento foi a maior demanda de atacadistas comprando maiores volumes, pois consumidores estocaram o produto no início da crise. Há ainda uma maior pressão internacional por importação do arroz brasileiro, que está competitivo com dólar acima de R$ 5.

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