Com grandes redes e associativistas em destaque, 2024 testemunhou taxas de crescimento relevantes após dois anos de oscilações.
Após mares turbulentos em 2023, o varejo farmacêutico tem muito o que comemorar em relação a 2024. O ano evidenciou um setor resiliente, marcado pela retomada do crescimento e impulsionado, principalmente, pela geração de emprego e aumento da renda.
Números relativos ao último trimestre de 2024 sinalizam o bom momento do setor. Segundo o Índice Antecedente de Vendas do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IAV-IDV), o segmento de artigos farmacêuticos apresentou, em outubro, uma alta de 15,3% em relação ao mesmo período de 2023. As previsões apontavam para o crescimento de 15,5% em novembro e 12,1% em dezembro. Em janeiro de 2025, a tendência é de uma evolução de 12,5%.
Nos últimos dois meses do ano, as ofertas da Black Friday injetaram um incremento de 18,7% nas vendas, de acordo com estudo da Serasa Experian. Esse desempenho marca o maior crescimento já observado desde o início da série histórica, em 2017.
Para Eduardo Terra, sócio da BRT Varese e membro do conselho de administração de diversas empresas de varejo, 2024 revelou-se bastante positivo para o canal farma, com taxas de crescimento relevantes após dois anos de oscilações. “Foi um ano robusto principalmente por dois fatores – o aumento nos níveis de emprego e da renda média”, analisa.
Ele acrescenta que a explosão do dólar em dezembro e a elevação da taxa de juros, que deve mexer com a inflação, são pontos que vão gerar efeitos mais ao longo de 2025.
Preço foi o principal driver de crescimento do varejo farmacêutico
As vendas nas farmácias contabilizaram R$ 212,1 bilhões nos últimos 12 meses até outubro de 2024, segundo dados da Close-Up International. O crescimento foi de 12,1% em comparação com o mesmo intervalo anterior. A venda de não medicamentos vem ancorando o avanço do setor.
A categoria teve incremento de 13,6% em valores e 7,2% em unidades no período. O preço foi o principal motor de crescimento para o canal, com 4,4% de representatividade.
Faturamento bilionário das grande redes
As grandes redes da Abrafarma, que respondem por quase metade do faturamento do setor, celebraram os números superlativos de 2024 e confirmam a solidez do grande varejo farmacêutico nacional. As 29 bandeiras associadas à entidade projetam encerrar o ano com uma receita acumulada acima de R$ 101 bilhões.
Para o CEO da entidade, Sergio Mena Barreto, a representatividade das redes associadas à entidade para o mercado farmacêutico também tem viés de alta. Em 12 meses, o market share dessas empresas em faturamento subiu de 45% para 47%. “Há dez anos essa participação chegava a 41%. Em três anos podemos responder por 50%”, acredita.
Ano também revelou a força das associações
O associativismo também teve atuação vigorosa no ano. “Os resultados nesse nicho superaram a média do mercado, com algumas redes atingindo impressionantes 20% de alta”, enfatiza Edison Tamascia, presidente da Febrafar.
O executivo destaca que as farmácias que melhor se adaptaram às novas exigências do varejo conseguiram prosperar, especialmente aquelas que seguiram tendências de digitalização e inovação no atendimento ao consumidor. “A diferenciação no atendimento, a oferta de um mix de produtos mais diversificado, o layout das lojas e o uso de ferramentas digitais são agora essenciais para atrair e reter consumidores”, contextualiza.
Em relação ao futuro, ele vê 2025 como um ano de mais consolidação. “A digitalização continuará sendo um dos principais motores de transformação e a tendência é que as farmácias mais estruturadas se destaquem, enquanto as menos preparadas percam espaço”, acrescenta. A reforma tributária também pode trazer impactos significativos, mas Tamascia acredita que ela trará benefícios ao tornar o Brasil mais competitivo.
Para Paulo Costa, diretor geral da Farmarcas, foi um ano de aprendizado e investimentos com foco na melhoria da experiência do consumidor e no fortalecimento das operações.
“A Farmarcas conseguiu dobrar de tamanho especialmente com as novas lojas, que obtiveram retorno sobre investimento mais rápido e começaram a performar de maneira muito eficaz, atingindo resultados similares aos das lojas da Abrafarma”, afirma o executivo.
Segundo ele, a performance no setor de medicamentos foi destacada como excelente, com bons resultados. “Além disso, a empresa consolidou sua presença e desempenho no segmento de não medicamentos, o que é um passo importante para sua diversificação e fortalecimento no mercado”, acrescenta.
Após iniciar um ano tenso em meio a expectativas de retração por parte das análises de mercado, o varejo associativista da Abrafad exerceu um papel de protagonista desse segmento, ultrapassando os 13,5% de crescimento, segundo a IQVIA.
“Atingimos nosso melhor resultado nesse ano e esperamos encerrar 2024 dentro dos grupos associativistas como a federação que teve um dos melhores desempenhos de mercado”, avalia Nilson Ribeiro, diretor executivo e institucional da Abrafad. Para 2025, a associação chama a atenção para o desenvolvimento de um novo mercado com a reforma tributária, que deve simplificar todos os processos do varejo.
Com apenas um ano de atividades, as mais de 3.300 lojas que compõem as sete redes associadas à Fecofar contabilizaram R$ 4,4 bilhões de receita acumulada de janeiro a setembro de 2024. A projeção é encerrar o ano de 2024 com R$ 6 bilhões de faturamento.
A venda média mensal por loja saltou de R$ 146 mil nos nove primeiros meses de 2022 para R$ 168 mil no mesmo intervalo até setembro deste ano. O montante já é 2,6 vezes superior ao do nicho de farmácias independentes e iguala o desempenho do associativismo e das franquias.
“Tivemos um ano surpreendente, no qual conseguimos construir e desenvolver projetos estratégicos em parceria com a indústria que visam beneficiar as redes associadas aumentando as vendas em determinadas categorias”, ressalta Willians Robles, administrador executivo da Fecofar.
A resiliência do varejo independente
Para as farmácias associadas ao Sincofarma/SP, o ano de 2024 foi bastante desafiador, especialmente para as independentes. “Apesar do aumento do faturamento do segmento do varejo farmacêutico como um todo, em torno de 15%, a rentabilidade vem sendo cada vez mais afetada, em razão da própria concorrência dentro do segmento, bem como pelo aumento dos custos gerais das empresas”, avalia Natanael Aguiar Costa, presidente da entidade.
Mas, segundo ele, trata-se de um segmento resiliente, em que as empresas buscam novas alternativas para manterem-se no mercado. “Destacamos a ampliação das áreas de prestação de serviços aos consumidores e a expansão das vendas por meios eletrônicos, o que entendemos que justifica a prevalência do aumento de estabelecimentos em detrimento dos fechamentos”, finaliza Costa.
Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/emprego-impulsiona-varejo-farmaceutico/
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