As ilhas de Creta, na Grécia; Sicília, na Itália; e Okinawa, no Japão, além de praias paradisíacas, partilham um curioso fenômeno: são os lugares onde se vive melhor – e por mais tempo – no mundo. Além disso, os habitantes dessas ilhas demoram a envelhecer e chegam ao fim da vida com muito mais saúde do que em qualquer outra comunidade do planeta. Intrigados com essas populações, cientistas se debruçaram sobre a rotina, os hábitos alimentares e o DNA dessas comunidades em busca do segredo do prolongamento da juventude. “A explicação para esses fenômenos é a seleção natural. Os habitantes dessas ilhas ficaram muitos anos isolados, sem contato com outros povos, evoluindo. Venceram os melhores genes ao longo das gerações”, explica o médico e pesquisador Miroslav Radman, fundador do Instituto Mediterrâneo para Vida e Ciência, em Split, na Croácia, entidade sem fins lucrativos que se dedica a pesquisas sobre longevidade. “Se aplicássemos a dieta rica em vegetais dos povos de Okinawa ou do Mediterrâneo nos esquimós, que precisam de gordura para sobreviver, por exemplo, eles morreriam. O segredo está em como o DNA se adéqua ao ambiente”, completa.

Beleza – Ecocremes (Foto: Ilustrações Priscila Barbosa)

Com base nessa premissa, Miroslav, em parceria com o grupo de cosméticos francês NAOS (presente no Brasil com os produtos Bioderma), dedica-se a estudar a relação entre o ambiente e o DNA nas células da pele. A essa linha de pesquisa dão o nome de ecobiologia. No laboratório croata e nos centros de pesquisa da empresa em Aix-en-Provence, sul da França, cientistas estão empenhados em descobrir os componentes que ajudam a pele a se proteger sozinha das agressões externas (raios UV, poluição e outros oxidantes).

“Hoje, os dermocosméticos buscam tratar sintomas como rugas e manchas sem levar em consideração suas causas. Prometem resultados em curto prazo e são classificados por tipo de pele e idade. Com a ecobiologia, pretendemos criar um ambiente que estimule a regeneração e reforce a proteção celular de dentro para fora”, afirma Aurelie Guyoux, diretora científica da NAOS, durante o primeiro Fórum de Ecobiologia, que aconteceu em abril, na Croácia. A água micelar é o exemplo mais popular dessa nova maneira de pensar os cosméticos. Formada por micelas (microgotículas compostas de gordura e água), é capaz de remover impurezas da pele sem agredi-la como os demaquilantes ou sabonetes comuns.

“O meio ambiente agride a pele. O preço disso é o fotoenvelhecimento, o câncer etc. O mesmo vale para a poluição. Pensar em ativos que estimulem a pele a resolver seus próprios problemas pode ser muito interessante”, afirma o dermatologista Sergio Schalka, um dos participantes do evento. “Um caminho pode estar na investigação das proteínas das células”, diz Marco Rocha, outro dermatologista que acompanhou as discussões.

Produtos criados a partir da ecobiologia serão, em sua essência, minimalistas. Isso significa que reunirão ativos que ajudam as células da pele a trabalhar por si sós – e em alta concentração. A origem desses ativos pode ser vegetal, química ou biotecnológica. Sairão das fórmulas itens como formol, pesticidas e metais pesados. “Esse conceito de tratamento real e sustentável da pele também excluirá dos rótulos termos como antienvelhecimento, que passa a ser substituído por gestão do envelhecimento (age management)”, afirma Maurílio Teixeira, presidente da Bioderma no Brasil. De acordo com a ecobiologia, o futuro dos dermocosméticos será mais gentil com a pele, e também com as mulheres.

Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/2018/07/05/ecocremes-os-cosmeticos-do-futuro/

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