O grupo de alimentação e bebidas — responsável por um quarto dos gastos das famílias — apresentou deflação de 1,87% em 2017. Sozinho, retirou 0,48 pontos percentuais do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou em 2,95% no ano passado. Foi o maior efeito benéfico para a inflação. É a primeira vez que esse grupo apresenta deflação num ano fechado desde a implementação do Plano Real, em 1994.
De acordo com o IBGE, a safra recorde de produtos agropecuários ajudou a reduzir preços. Estimativa do instituto aponta que o país produziu 241,9 milhões de toneladas de grãos em 2017, alta de 30,2% frente ao ano anterior.
No ano passado, os alimentos para consumo em casa (que pesa 15,67% no IPCA) recuaram 4,85%, enquanto a alimentação consumida fora de casa (que pesa 8,88%) subiu 3,83%. Entre os alimentos consumidos em casa com forte queda no ano estão as frutas (-16,52%), maior impacto negativo no índice do ano (-0,19 ponto). Tiveram também em forte queda estão feijão-carioca (-46,06% no ano, ou menos 0,14 ponto) e açúcar cristal (-22,32% no ano, impacto de -0,09).
Além dos alimentos, também apresentou deflação em 2017 o grupo de artigos de residência, com queda de 1,48%. Por ter um peso menor no índice, ele retirou apenas 0,06 ponto percentual da inflação.
Alta no mês
Em dezembro, os preços do grupo alimentação e bebidas cresceram 0,54%. Foi a primeira alta média de preços após sete meses consecutivos de deflação. O avanço dos preços no grupo no mês passado foi liderado por produtos para consumo em casa: carnes (1,67%), frutas (1,33%), frango inteiro (2,04%) e pão francês (0,67%). Itens que permaneceram em queda foram feijão-carioca (-6,73%) e leite longa vida (-1,43%).
Segundo Fernando Gonçalves, gerente de índices de Preços ao Consumidor do IBGE, as festas de fim de ano podem ter influenciado componentes como carnes e frutas, que têm peso importante para a formação dos alimentos. “Existe um realinhamento dos preços dos alimentos, que estavam muito baixos por conta da safra”, disse o técnico, sinalizando que o período de deflação de alimentos acabou.
A alimentação consumida fora de casa também acelerou de novembro para dezembro, com os preços subindo, em média, 0,74%.
Os principais impactos individuais no índice de dezembro foram passagens aéreas, com alta de 22,28%, e gasolina, com avanço de 2,26%. Eles geraram impactos somados de 0,18 ponto percentual na inflação do mês.
No grupo Vestuário (0,84%), os destaques ficaram com os itens roupa masculina (1,27%), roupa infantil (1,05%), roupa feminina (0,71%) e calçados (0,69%). Considerando os demais grupos, houve alta em plano de saúde (1,06%), empregado doméstico (0,52%) e eletrodomésticos (0,36%).
Serviços
Mais resistentes à desaceleração da inflação ao longo da crise, mesmo em uma cenário de recessão, a inflação de serviços foi de 4,51% em 2017, abaixo do verificado no ano anterior (6,50%), de acordo com dados divulgados pelo IBGE.
Entre os itens pesquisados com desaceleração relevante está a alimentação fora do domicílio (restaurantes, lanchonetes etc.), que passou de alta de 7,22% em 2016 para avanço de 3,83% em 2017.
A alta de preços de aluguel desacelerou de 5,31% em 2016 para 1,48% em 2017. Movimento semelhante ao verificado no transporte escolar, de 7,48% para 3,92% entre os dois anos.
Com variação negativa de preços em 2017 aparecem mudança (-0,42%) e aluguel de veículos (-2,25%).
Deixe um comentário