Após três anos negativos, essa indústria iniciou recuperação em 2017, mas perdeu ritmo desde março, podendo rever projeções de crescimento diante de impactos da greve dos caminhoneiros
A retomada do setor de embalagens, um importante termômetro da indústria, passa por desaceleração após um início de ano aquecido, afirmam entidades e empresas, ressaltando que ainda não é possível mensurar os efeitos da greve dos caminhoneiros.
“De outubro a fevereiro, o setor de embalagens registrou taxas de crescimento superiores a 5%. Já em março, o ritmo recuou para 1,66%. A questão que estes resultados colocam é se a desaceleração vai se manter ou se foi um ajuste pontual”, aponta a diretora executiva da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Luciana Pellegrino.
O estudo macroeconômico da embalagem da Abre, elaborado em fevereiro pela Fundação Getulio Vargas (FGV), projetava crescimento de 3% no volume de produção em 2018.
Luciana afirma que dificilmente o ritmo inicial seria mantido e alguma diminuição era esperada. “A retomada deve prosseguir, com taxas às vezes mais baixas que a de março, mas a recuperação econômica, na qual se insere o desempenho da indústria de embalagem, ainda prossegue, mesmo que um pouco mais branda.”
Em 2017, a produção da indústria de embalagens apresentou crescimento de 1,96%. Foi o primeiro resultado positivo em três anos. O valor bruto da produção física atingiu o montante de R$ 71,5 bilhões, 5,1% superior em relação ao resultado de 2016. “Os juros caíram sensivelmente e o desemprego mais timidamente. Podemos então esperar uma desaceleração gradativa ao longo do ano, compatível com uma taxa de crescimento da produção física de embalagem próxima de 3%, entre janeiro e dezembro”, prevê Luciana. A dirigente conta que essa redução do ritmo já era prevista, mas o impacto da greve dos caminhoneiros ainda não pode ser avaliado. “Não temos uma mensuração dos impactos decorrentes da falta de combustível que afetou o processo de escoamento da produção, abastecimento dos supermercados e de alguma forma o consumo.”
Desempenho por classeDe acordo com o estudo da FGV, das cinco categorias de embalagem, quatro registraram crescimento em 2017: vidro (3,39%), plástico (3,37%), papel/papelão/cartão (2,99%) e madeira (0,56%). Já as embalagens metálicas apresentaram uma retração de 3,92%.
Por meio de nota à reportagem do DCI, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) afirma que o segmento de embalagens apresentou resultados positivos nos primeiros quatro meses do ano. “De janeiro a abril de 2018, o segmento de embalagens registrou crescimento de 6,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, ainda distante de recuperar os 15,4% de queda entre 2014 e 2016.” A entidade destaca que o ponto positivo do segmento de embalagens é ser demandado por setores que enfrentam de maneira mais amena a crise, como a indústria de artigos de higiene pessoal, limpeza e cosméticos, de alimentos e bebidas. “Entre 2014 e 2016, foram os três setores que registraram as menores quedas na produção física, se olharmos os principais mercados consumidores de plástico pertencentes à indústria de transformação.”
A Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), através da consultoria Maxiquim, revela que o mercado de embalagens flexíveis, assim como o setor plástico como um todo e a indústria em geral, não vem apresentando o desempenho esperado no início do ano. “Esperávamos um crescimento próximo de 3% para embalagens flexíveis, porém a partir de março já se via um comportamento muito instável. A previsão mais atual é de que este mercado cresça aproximadamente 2% em volume”, diz a sócia-executiva da Maxiquim, Solange Stumpf.
O gerente técnico da Milliken na América do Sul, Edmar Nogueira, entende que a greve já afetou o setor. “O mercado de embalagens começou o ano otimista, mas deu uma freada com a greve. Houve um reajuste da expectativa.” Multinacional do setor químico, a empresa produz soluções para embalagens de polipropileno. “O segmento ainda cresce, mas por volta de 2%, quando antes se falava em 4% ou 5%.”
Deixe um comentário