Pequenas indústrias de cosméticos vêm expandindo as exportações para o Oriente Médio, onde o produto brasileiro tem sido cada vez mais valorizado. O foco, segundo fabricantes, é principalmente o segmento de higiene capilar. “Os cosméticos brasileiros são muito bem vistos na região.
O Oriente Médio busca qualidade e preza por marcas que fabricam o próprio produto”, afirma o gerente de operações de Agilise Cosméticos, Caio Lopes. A empresa, com sede em Valinhos, interior de São Paulo, começou a exportar há quatro anos para o Iraque e hoje também tem clientes na Tunísia e Emirados Árabes Unidos. “Fomos abordados por um iraquiano em nosso stand na Feira Hair Brasil.
Até então, nós nunca tínhamos exportado. Ele levou um produto da empresa e quase um ano depois entrou em contado querendo comprar. Nós ainda nem estávamos preparados para essa operação.” Lopes aponta que a marca tornou-se conhecida no Iraque e agora a empresa trabalha com mais de um distribuidor no país. “A demanda maior é por xampu, produtos de alisamento e coloração.” O diretor administrativo da Lagune Cosmetics, João Pasquatto, conta que o mercado de exportações é vantajoso para empresas de menor porte. “No mercado interno de cosméticos, não é possível enfrentar grandes marcas. Só conseguimos atuar em um nicho específico em que não há essa concorrência.”
A fabricante de Mauá (SP) atua no segmento de pó descolorante e exporta para Emirados Árabes, Líbano e Iraque. “O cosmético brasileiro é rentável no exterior, possui isenções e é possível conseguir um preço melhor”, diz Pasquatto. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), no 1º bimestre de 2018 o setor exportou US$ 109,9 milhões, com crescimento de 16,5% ante o mesmo período do ano anterior. Em 2017, essa indústria teve crescimento de 2,75%, após registrar resultados negativos em 2016 e 2017.
Demanda pós-guerra conforme os fabricantes, um dos mercados mais receptivos aos cosméticos brasileiros tem sido o Iraque. Dados da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Iraque (CCIBI) mostram que nos três primeiros meses de 2018, a exportação de xampus e condicionadores ao país superou US$ 855 mil.
Em 2017, o total foi de US$ 4,6 milhões e, em 2016, US$ 1,027 milhão. “Essa demanda por produtos supérfluos vem aumentando junto com o poder de compra do cidadão iraquiano, em consequência da maior estabilidade do país e da alta do petróleo”, explica o presidente da CCIBI, Jalal Chaya. No último domingo (13), o Iraque realizou sua primeira eleição legislativa após a derrota do Estado Islâmico, em uma guerra que durou mais de três anos. “Está crescendo a demanda com a estabilidade do país”, conta Lopes.
De acordo com o executivo, a Agilise exporta em média entre seis e sete toneladas por mês ao Iraque. “Colocamos empresários iraquianos em contato direto com fabricantes de produtos que estão fazendo sucesso no Oriente Médio. As exportações do Brasil para lá cresceram quatro vezes ano passado em relação a 2016 e esse ano deve triplicar”, projeta Chaya. Pasquatto conta que a Lagune começou a vender para o país em novembro e recentemente mandou uma segunda carga de produtos. “Conhecemos empresários na Beauty Fair (Feira Internacional de Beleza Profissional)que demonstraram interesse na linha de produtos.
Após visitarem nossa fábrica, quiseram se tornar nossos distribuidores. Este é um mercado que, apesar de ainda pequeno, é promissor. Estamos conquistando aos poucos”, esclarece. Chaya relembra que Brasil e Iraque eram parceiros comerciais na década de 1980, mas que os negócios acabaram interrompidos por guerras e embargos. “Ano a ano, esse comércio está retomando. Não só no setor de cosméticos, mas também no agronegócio e produtos hospitalares. Temos recebido apoio do Itamaraty e o Brasil está enxergando o potencial do Iraque, retirando barreiras e facilitando as expor tações”, assinala.
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